Esporte

Herói da classificação na Copinha, Neneca quase abandonou futebol por lesão no joelho

HUGO ANTONELI JUNIOR

INDAIATUBA – Quem viu o menino Iago Rodrigo Martins correndo em direção à torcida após as defesas de pênaltis na decisão que classificou o Primavera para a terceira fase da Copa São Paulo de Futebol Junior na tarde de quinta-feira (11), não podia imagina que há dois anos ele chegou a pensar em abandonar o futebol por uma lesão no joelho.

Conhecido como Neneca, o goleiro do fantasma honrou o um metro e noventa, se agigantou, pegou duas cobranças e levou o Primavera para a próxima fase. Prestes a completar 20 anos, cria do Jardim Morada do Sol, palmeirense e fã do goleiro Marcos, ele falou ao Comando Notícia minutos após o jogo ainda no estádio Ítalo Mário Limongi.

“Pênalti é o momento que o goleiro pode brilhar e a gente sempre imagina que pode acontecer, é uma oportunidade. Acreditava que podíamos passar no tempo normal, mas o Vila Nova [de Goiás] é um time muito qualificado, tanto que saíram da competição sem ter tomado nenhum gol no tempo normal”, diz.

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Palmeirense de família, ele fez o “ritual” do ex-goleiro Marcos, que corria para a torcida vibrando após uma defesa de pênalti. “Cresci vendo ele atuar e lá em casa é todo mundo palmeirense, está no sangue. Desde pequeno queria ser goleiro, tenho paixão por ficar no gol, e defendia as bolas que o meu pai chutava na garagem de casa”, conta.

Neneca cita como inspiração os atuais goleiros do Palmeiras, Fernando Prass e Jaílson, além de outros brasileiros como Marcelo Grohe, do Grêmio campeão da Libertadores 2017, e da Europa. “Sempre estou de olho no futebol europeu e lá quem observo bastante é Keylor Navas [costa-riquenho do Real Madrid, da Espanha], além do De Gea [espanhol do Manchester United, da Inglaterra].”

Da lesão para os braços da torcida

“Foi uma das primeiras vezes que joguei com o estádio cheio e a torcida a favor, isso ajudou muito”, revela. Mas há dois anos a história era diferente. Quando atuava pela Ponte Preta, de Campinas, às vésperas da Copinha de 2016 ele se machucou. “Nunca pensei em desistir totalmente, mas passa pela cabeça, principalmente nesta época da cirurgia no joelho. É doído ficar muito tempo parado, mas serve para nos fortalecer mais. Me machuquei em um treino, em uma dividida rompi os ligamentos e fiquei parado até o meio de 2016 parado”, conta.

O auxiliar técnico do Primavera, Luiz Neto, lembra da época. “Depois disso ele veio para cá e deu a sequência em um trabalho, por isso que deu certo. Nos jogos regionais, começou a se destacar pegando quatro ou cinco penalidades. Graças a Deus hoje deu certo. Agora é manter os pés no chão para fazer uma próxima grande partida”, afirma.

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Neneca sabe que vida de goleiro pode ser ingrata. “O futebol é uma enorme roda gigante. Uma hora você está lá em cima e na outra, embaixo. Hoje com certeza vou demorar um pouco para dormir assim como foi na partida contra o Vitória [que o Primavera ganhou]. Nós temos uma defesa muito forte, experiente, o Patrik, Felipe, ‘Beiço’, o Jaílton que ainda é novo, mas vem jogando muito bem e o Abraão que precisou entrar e deu conta do recado”, analisa.

“Você vai pegar três pênaltis”

Na roda dos jogadores Neneca foi extremamente motivado para se sair bem nas cobranças de pênalti. “Se precisasse bater [caso persista o empate, os goleiro também precisam cobrar um pênalti], estava preparado. O técnico perguntou se estava preparado e eu falei que sim”, conta. Mas é nas defesas que ele fez a diferença e nem precisou inverter os papeis. Foi de Neto que veio a “premonição”. “Falei que ele ia pegar três pênaltis. Pegou dois e eles erraram um”, conta.

Das tribunas o presidente do Primavera, Eliseu Marques, também previu e foi exato. “Estava lá em cima e falei para o Rodrigo, ex-goleiro nosso, que o Neneca ia pegar duas cobranças. Perguntei se ele era pegador de pênaltis na época dele, que respondeu sim. Disse: ‘então, ele é da mesma escola que você, de pegadores de pênaltis’. Quando foi para os pênaltis estávamos muito confiantes nisto.”

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Indaiatubano “raiz”

O mandatário do fantasma ainda ressaltou que o jogo mostrou o talento local. “Muitas pessoas reclamam nas redes sociais que não tem jogador de Indaiatuba no time e isso é mentira. Infelizmente cada um escreve o que quer lá e acabaram crucificando ele e falaram que ele tinha falhado contra o Atibaia. O torcedor precisa apoiar até o fim, como foi hoje”, afirma.

Neneca mostra orgulho de ter nascido na terra dos indaiás. “Estou só iniciando uma carreira e espero que possa correr tudo bem. Sempre fui do Morada do Sol, na rua Francisco Rossi, antiga 82. Indaiatuba é a minha casa. Quero mandar um beijo para os meus pais, para a minha namorada Jaqueline e todos os amigos que vieram e torceram”, encerrou.

Próxima fase

O Primavera passou pelo Vila Nova e reencontra o Vitória, da Bahia, na terceira fase da Copinha neste sábado, dia 13, às 16 horas. O jogo será realizado no estádio Ítalo Mário Limongi, com entrada gratuita. O Vitória passou pelo Ituano, em Itu, na noite de quinta-feira (11).

fotos: Hugo Antoneli Junior/Comando Notícia