Delegada conclui inquérito sobre líder espiritual suspeito de abusos sexuais em Campinas e prisão preventiva é decretada
A 1ª Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) de Campinas (SP) concluiu o inquérito que apurou casos de abuso sexual cometidos em um terreiro de umbanda na metrópole. Suspeito dos crimes, o diretor espiritual da Associação Pai Tajubim (AEUPT), Domingos Forchezatto, teve a prisão preventiva decretada pela Justiça, informou na segunda-feira (15), a delegada titular da 1ª DDM, Ana Carolina Bacchi.
O indiciado, no entanto, está desparecido desde 29 de julho. Domingos, que tem 68 anos, foi visto pela última vez na madrugada de uma sexta-feira na chácara onde costumavam ocorrer os eventos do terreiro, no distrito de Barão Geraldo, à beira do Rio Atibaia. Ele esteve no local com um amigo e desapareceu.
O sumiço está em investigação na Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). Testemunhas foram ouvidas, mas não há pistas, segundo o delegado da Divisão de Investigações Criminais (Deic), Oswaldo Diez Junior. O Corpo de Bombeiros realizou buscas pelo rio, sem sucesso.
O advogado do diretor espiritual, José Pedro Said Jr., afirmou ao g1 que nem ele e nem a família sabem do paradeiro de Domingos. Said Jr. não quis se manifestar sobre o pedido de prisão do seu cliente, que é considerado foragido. Disse apenas que a defesa estava pronta antes do desaparecimento, com documentos que, segundo ele, provariam a inocência do pai de santo sobre as denúncias de abuso sexual.
Chácara em Barão Geraldo, distrito de Campinas, usada pela Associação Pai Tajubim (AEUPT), foi último lugar onde Domingos esteve. — Foto: Arquivo pessoal
Cerca de 15 depoimentos
Os crimes sexuais que Domingos Forchezatto teria cometido estão sendo investigados pela 1ª DDM desde 14 de julho, quando denúncias vieram à tona. Ele não chegou a ser chamado a depor – desapareceu antes de ser convocado.
Domingos atuou por cerca de 30 anos no maior posto da umbanda, diretor espiritual, na Associação Espiritual de Umbanda Pai Tajubim, que existe há 71 anos. Segundo a defesa das vítimas, ao menos 15 pessoas, entre mulheres e testemunhas, prestaram depoimento até o início de agosto.
Vítimas relataram que ele cometia os abusos enquanto dizia a elas que precisavam da sua “energia espiritual”. Os primeiros relatos foram de mulheres que trabalhavam no terreiro.
“Ele introduzia o orgão dele em mim, falava que era para ajudar meu marido, que eu precisava da energia dele, porque Exu trabalha com energia sexual, que é matéria, sexo, e eu precisava disso”, disse uma das mulheres em entrevista. A defesa do pai de santo nega as acusações.
Os advogadas das vítimas que integram a investigação foram procurados, mas não houve retorno até a publicação da reportagem.
Com informações de G1 campinas