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Exame de refração prevê miopia, diz pesquisa

Exame diagnostica a pseudomiopia que aumenta em 3,5 vezes o risco de miopia.

 

A miopia, dificuldade de enxergar à distância, é o erro de refração que mais cresce no mundo e geralmente surge na infância. De acordo com o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto, presidente do Instituto Penido Burnier de Campinas ocorre devido a formação das imagens na frente das retina, tornando tudo o que está longe desfocado. A estimativa da OMS (Organização Mundial da Saúde) é de que a miopia atinge 2,7 bilhões no planeta. Desses, 60 milhões são brasileiros. Pior: O British Journal of Ophthalmology acaba de publicar uma pesquisa realizada na China que aponta risco 3,5 vezes maior de desenvolver miopia entre crianças diagnosticadas com pseudomiopia, também conhecida como miopia acomodativa ou transitória.

 

Como a avaliação da refração informa o risco

Para Queiroz Neto a pesquisa reforça a importância do exame de refração em crianças por cicloplegia, ou seja, com instilação de colírio que paralisa os músculos ciliares responsáveis pela acomodação ou alternância instantânea de foco, bastante ampla na infância. Isso porque, o exame indica pseudomiopia quando antes da instilação do colírio a refração é igual ou menor que 0,5 dioptria, e depois da instilação maior que 0,5. “Quando a pseudomiopia é diagnosticada  O problema é que no Brasil a maioria das crianças não passa por consulta oftalmológica periódica e corre risco de miopia permanente. IA estimativa do CBO (Conselho Brasileiro de Oftalmologia) é de que menos da metade é encaminhada regularmente para exames oftalmológicos. O especialista ressalta que a miopia pode ser corrigida por óculos ou lentes de contato. Depois dos 18 anos quando o grau está estabilizado há, no mínimo, um ano a correção pode ser feita pela cirurgia refrativa a laser ou implante de lente intraocular sem a retirada do cristalino para graus altos.

 

Fatores de risco

A pesquisa realizada na China incluiu 1680 participantes de 4 a 17 anos com pseudomiopia e um grupo controle de 2879 com boa visão. Após seis meses de acompanhamento só 3,8% ou 110 dos que enxergavam bem se tornaram míopes. Dos que tinham pseudomiopia 355 ou 21,1% contraíram miopia, ou seja, proporcionalmente superou em 3,5 vezes as crianças que enxergavam bem.

 

Os pesquisadores afirmam que a pseudomiopia é um fator de risco independente no desenvolvimento da miopia em crianças. Queiroz Neto ressalta que há evidências de que a plasticidade dos olhos e efeitos ambientais como o confinamento em áreas fechadas têm maior efeito sobre a progressão da miopia entre crianças, especialmente dos 6 aos 8 anos. “O olho está em desenvolvimento até a idade de 8 a 10 anos e embora a genética seja importante, os fatores ambientais, também influem na visão à distância”, afirma. Para o oftalmologista, os 21,1% que passaram a ter miopia sofreram influência dos hábitos.  Isso porque, uma pesquisa desenvolvida pelo oftalmologista com 360 crianças mostra que 30% do que passavam muitas horas em frente as telas tiveram stress ocular. De tanto forçar a visão para enxergar próximo desenvolveram miopia acomodativa ou pseudomiopia, um espasmo dos músculos ciliares que movimentam o cristalino para alternar o foco nas diferentes distâncias.

 

Como prevenir

As principais recomendações do oftalmologista para conter a progressão da miopia são:

·         Ensine a criança a controlar a intensidade e a frequência do esforço visual de perto, desviando os olhos das telas para pontos distantes enquanto estuda ou navega na web.

·         Programe pequenas interrupções das atividades online com um lanchinho.

·         Incentive a pratica de esportes ou brincadeiras em áreas abertas durante o dia. A radiação ultravioleta do sol estimula a produção de dopamina, hormônio do bem-estar que controla o crescimento do olho, maior em míopes.

·         Programe consultas periódicas com o oftalmologista da família. O exames oftalmológico em crianças deveria fazer parte da volta às aulas.

·         Evite muitas guloseimas. O excesso de açúcar aumenta a produção de insulina e acelera o crescimento do olho característico da alta miopia.

·          Informe-se com um oftalmologista sobre as novas lentes de óculos ou lentes de contato que além de corrigir a miopia, reduzem a progressão do grau. “A miopia acima de 6 dioptrias pode levar à perda da visão por aumentar o risco de catarata, glaucoma, descolamento de retina e degeneração macular Por isso prevenir é sempre melhor”, conclui.

Com informações: Eutrópia LDC