do G1 Campinas
O número de presos que deixaram os presídios das regiões de Campinas e Piracicaba sob o benefício da “saidinha” em datas comemorativas e não retornaram às cadeias aumentou 45,68% em um ano. De acordo com dados da Secretaria de Administração Penitenciária (SAP) obtidos por meio da Lei de Acesso à Informação, 338 detentos liberados para passar o Dia das Mães e o Dia dos Pais este ano em casa não voltaram este ano, contra 232 em 2016.
O problema é que alguns voltam a cometer crimes nesse perído. Dez unidades prisionais da região que adotam o benefício da saída temporária tiveram os números analisados. Desde 2015, um total de 1390 presos não retornaram no período de uma semana, que é a duração das saídas.
Duas das unidades têm a pior situação. O Centro de Progressão Penitenciária (CPP) Professor Ataliba Nogueira em Campinas e o CPP de Hortolândia (SP) concentram 86,25% dos casos onde não houve retorno em 2017.
Segundo a SAP, o benefício é previsto na Lei de Execuções Penais e depende de autorização da Justiça. Aqueles que cumprem pena em regime semiaberto e têm bom comportamento podem conseguir a liberação em até cinco vezes no ano. Quando o detento não se apresenta dentro do prazo, ele passa a ser um foragido e retorna ao regime fechado, se recapturado.
Saída para cometer crimes
Alguns dos detentos beneficiados usam o período fora da cadeia para cometer crimes, como no caso do dia 15 de agosto, em Valinhos (SP). Uma família foi feita refém por três homens que, segundo um dos detidos na ocorrência, são presidiários e estavam na saída do Dia dos Pais – que contava do dia 11 ao dia 16 de agosto.
De acordo com o delegado Sandro Jonasson da Delegacia da Polícia Civil da cidade, o suspeito tinha a intenção de realizar o roubo para deixar dinheiro para a família antes de retornar à prisão.
No dia 17, um homem foi preso suspeito de ter envolvimento com o assalto que terminou com um policial civil baleado na Avenida Norte-Sul, em Campinas, e R$ 150 mil roubados. Ele também é presidiário e não tinha retornado à cadeia.
Cinco vezes no ano
Confira, abaixo, o número de presidiários que não retornaram às respectivas prisões nas cinco chances que eles têm, no ano, para as saídas temporárias.
Presidiários beneficiados pela saída temporária
Datas / Ano | 2015 | 2016 | 2017 |
Dia das Mães | 3451 saíram | 3097 saíram | 4098 saíram |
149 não voltaram | 110 não voltaram | 157 não voltaram | |
Dia dos Pais | 3552 saíram | 3150 saíram | 4688 saíram |
113 não voltaram | 122 não voltaram | 181 não voltaram | |
Dia das Crianças | 3158 saíram | 3667 saíram | ——————————— |
117 não voltaram | 136 não voltaram | ———————————- | |
Natal e Ano Novo | 3286 saíram | 3783 saíram | ———————————– |
143 não voltaram | 162 não voltaram | ———————————— |
Unidades prisionais analisadas
Além das duas unidades com sitiuação mais crítica, em Campinas e Hortolândia, as demais que possuem o benefício e tiveram os dados analisados são: Penitenciária Feminina de Campinas, Penitenciária “Odete Leite de Campos Critter” de Hortolândia II, Penitenciária III de Hortolândia, Centro de Ressocialização de Limeira (SP), Penitenciaria de Piracicaba (SP), Centro de Detenção Provisória “Nelson Furlan” de Piracicaba, Centro de Ressocialização Feminino “Carlos S. de S. Cantarelli” de Piracicaba e Centro de Ressocialização de Sumaré.