Leptospirose em São Paulo: estudo revela que casos reais podem ser 13 vezes maiores que os oficiais – Comando Notícia
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Leptospirose em São Paulo: estudo revela que casos reais podem ser 13 vezes maiores que os oficiais

Leptospirose unisa

São Paulo, novembro de 2025 – Neste ano, o Brasil já contabiliza 3.792 casos confirmados de leptospirose e 258 óbitos, segundo dados do Ministério da Saúde. A taxa de letalidade nacional gira em torno de 9%, refletindo o impacto da doença, especialmente em períodos de chuvas intensas e enchentes, que favorecem a disseminação da bactéria causadora. 

 

No estado de São Paulo, os dados mais recentes mostram que a letalidade da leptospirose é ainda mais preocupante. Em 2025, o município de São Paulo registrou uma taxa de 13,91%, enquanto na Grande São Paulo os índices variaram entre 12,13% e 16,36%. No interior do estado, algumas localidades chegaram a apresentar taxas de até 22,09%. A média estadual ficou próxima de 14%, confirmando que São Paulo apresenta uma taxa de letalidade significativamente superior à média nacional. 

 

Globalmente, estima-se que a leptospirose cause mais de 1 milhão de infecções e cerca de 60 mil mortes por ano. No entanto, especialistas alertam que esses números podem ser significativamente maiores devido à subnotificação crônica, especialmente em países tropicais e em áreas afetadas por desastres naturais. 

 

O estudo liderado pelo professor Bruno Miotto, do Programa de Pós-Graduação em Saúde Única da Universidade Santo Amaro (Unisa), em parceria com o professor Marcos Bryan, da Faculdade de Medicina Veterinária da USP, e a Prefeitura de São Paulo, analisou 6,9 mil amostras de pacientes atendidos na rede pública entre maio e dezembro de 2019. Desse total, foram identificados 786 casos prováveis de leptospirose. No mesmo período, apenas 50 casos foram oficialmente notificados na capital paulista, segundo dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN). 

 

A pesquisa foi conduzida pela pesquisadora Stephanie Bergmann, doutoranda da USP e professora da Unisa. Os resultados revelaram que 11,3% dos pacientes com diagnóstico negativo para dengue apresentavam anticorpos IgM, indicativos de infecção aguda por leptospiras. “Esses dados são fundamentais para orientar políticas públicas e ações preventivas, tanto no setor público quanto privado”, afirma Miotto. “A subnotificação compromete a eficácia das estratégias de combate à doença”, afirma o pesquisador.

A análise permitiu a construção de um mapa de risco para o subdiagnóstico da leptospirose, com destaque para as zonas Norte e Sul da capital, onde a incidência média corrigida foi de 7,6 casos por 100 mil habitantes — número 13 vezes superior ao índice oficial. Além da discrepância nos registros, o estudo apontou um perfil epidemiológico distinto do tradicionalmente descrito: a maioria dos casos prováveis era de mulheres residentes em áreas com Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) mais elevado, o que reforça a necessidade de revisão dos critérios de suspeição clínica. 

Com informações: Geninha Moraes 

Foto: Divulgação Unisa