HUGO ANTONELI JUNIOR
INDAIATUBA – Nunca na história recente da cidade houve um caso de esquartejamento com partes encontradas em locais diferentes, pelo menos é o que contam integrantes do jornalismo policial de mais de 20 anos e pessoas que trabalham na Delegacia há décadas. O fato do caso ser inédito na cidade dificulta as investigações e causa uma comoção nunca antes vista. Por isso, trouxemos alguns casos parecidos em outras partes do Brasil e do mundo, além de tentar explicar a investigação e até trazer referências do mundo da ficção, que já explorou casos parecidos.
A primeira parte do corpo, uma perna, foi encontrada na quinta-feira (15) e o caso foi apresentado pela Polícia Militar. Na sexta (16), próximo ao local, no Jardim Monte Verde, outra perna e uma cabeça foram encontrados no córrego e desta vez a ocorrência foi da Guarda Civil. Depois de isolado o local para a chegada da Polícia Científica, o caso vai para as mãos da Polícia Civil – que é quem investiga os crimes. O local é do primeiro Distrito Policial de Indaiatuba, sob a responsabilidade do delegado Danilo Amancio Leme. A primeira coisa a ser feita devem ser os exames para constatar se trata-se das partes de um mesmo corpo.
Paralelamente se tenta encontrar quem é a possível vítima com famílias que tem desaparecidos. Isso pode ser feito por exames ou até marcas físicas, arcada dentária, tatuagens etc. No caso dos exames, isso pode levar semanas por causa da demanda e do volume de trabalho do Instituto Médico Legal (IML) de Campinas, que é responsável pelos exames no âmbito regional. Para tentar achar novos elementos, no final da semana passada houve uma busca por faro de um cão especializado em achar pessoas desaparecidas, o cão Max, da Guarda Municipal da cidade de Itupeva.
Os próximos passos da investigação devem ser de identificação das partes do corpo (se são da mesma pessoa e quem é esta pessoa) e, a partir daí, buscar quem possa ter cometido o crime através de relações e desafetos. Imagens das câmeras de monitoramento da região onde os pedaços foram encontrados já foram solicitadas pela investigação e devem auxiliar na identificação de quem cometeu o crime.
Outros casos
O esquartejamento que teve maior repercussão no Brasil recentemente ficou conhecido como “Caso Yoki”. O crime aconteceu no dia 19 de março de 2012, em São Paulo. Elize Matsunaga matou o marido Marcos com um tiro, cortou o corpo e colocou em uma mala. A vítima era um dos executivos da empresa alimentícia Yoki. Elize foi julgada em 2016 e condenada a mais de 19 anos de prisão em regime fechado. Pelo crime de homicídio, ela foi condenada a 18 anos e 9 meses de prisão, enquanto que pelo crime de destruição e ocultação de cadáver, a pena foi de um ano, dois meses e um dia de reclusão, em regime fechado.
Em março de 2014, pedaços de um corpo foram encontrados na praça da Sé, região central de São Paulo. Poucos dias depois a cabeça foi encontrada e a vítima foi reconhecida como sendo um homem de 30 a 40 anos, mas sem a identidade. Um corpo esquartejado também foi encontrado em Campo Grande, região de Ponta Porã, divisa do Brasil com o Paraguai, em março do ano passado. Tudo também foi encaminhado à Polícia Civil.
Ficção
Uma das séries mais conhecidas do gênero com crimes parecidos é Dexter. Na trama, um investigador forense especialista em análise de sangue na Polícia de Miami vira um assassino cruel e calculista à noite. As vítimas são sempre pessoas com passagem criminal e que não foram punidas pelas infrações, geralmente graves e em sequência. Depois de matar, ele cortava os corpos e jogava no fundo do oceano com pesos para que não boiassem. Com oito temporadas, a série terminou com 39 episódios, foi exibida entre 2006 e 2013 e até o ano passado estava na Netflix.
Outra obra de ficção que fala de crimes e investigação é Hannibal. O protagonista Will Graham é um investigador do FBI que tem o talento de se inserir nas cenas dos crimes e visualizar exatamente o que aconteceu. Tal capacidade ajuda a solucionar muitos casos, mas também exige muito dele, obrigando-o a consultar o psiquiatra Hannibal Lecter. Mal sabe Graham, que o dr. Lecter não é um psiquiatra comum. A série foi exibida entre 2013 e 2015.
fotos: arquivo/Comando Notícia/divulgação