HUGO ANTONELI JUNIOR
INDAIATUBA – Valentim Aparecido Padella, de 57 anos, vai poder comemorar dois aniversários a partir desta semana. Ele conseguiu um doador de rim após quatro anos de espera na fila do transplante. A filha, Mariane Padella, que trabalha na escola municipal Cleonice Lemos Naressi, no Jardim dos Colibris, conversou com o Comando Notícia e contou sobre a alegria da família. O pai mora em Nova Odessa e foi operado na Unicamp, em Campinas, na quarta-feira (28).
“Foi uma benção em nossa vida. Inclusive ele achou ótimo falar sobre a importância da doação de órgãos. Demorou mais porque o sangue dele é o mais difícil: O-. Tinha pessoas que estavam com ele na fila que conseguiam em dois meses”, diz. O doador foi um rapaz de 29 anos que teve morte cerebral na cidade de Taubaté.
A notícia veio por telefone. “A chefe do setor de nefrologia da Unicamp que ligou para ele. Depois, ele me ligou e disse que tinha recebido uma ligação maravilhosa chorando. Já imaginava e chorei também. Compartilhei lá na escola e várias professoras choraram junto comigo”, relembra.
“Quando a gente descobriu o problema renal que ele tinha, só 13% dos rins estavam funcionando e depois a porcentagem foi caindo cada vez mais”, afirma. Depois de algumas horas, a cirurgia acabou na noite de quarta. “É um alívio. É uma felicidade que não cabe no peito”, diz.
Exames na quinta-feira (1º) mostraram que o rim de Valentim está funcionando normalmente e em breve ele deve receber alta.
Doe órgãos
O Brasil tem atualmente trinta e duas mil pessoas à espera de um transplante. É uma luta contra o tempo para renovar uma vida. No caso de coração e pulmão, os médicos têm apenas 4 horas desde que aparece um doador e enfrentam muitas barreiras. Entre elas, a dor da família que perdeu uma pessoa amada e a distância que muitas vezes separa o doador de quem precisa daquele órgão.
Córnea, coração, pâncreas e pulmão têm o mesmo critério para transplante: o cronológico. Ordem de chegada. A fila do fígado geralmente é mais curta porque o critério principal é a gravidade da doença, mensurado pelo chamado escore. Ao entrar na lista, resultados de exames são lançados em um sistema que calcula o escore.
Doar órgãos é um ato de amor e solidariedade. O Brasil tem o maior programa público de transplantes de órgãos, tecidos e células do mundo, graças ao investimento constante de recursos por parte do Ministério da Saúde. Mesmo assim, ainda é alto o índice de não autorização por parte das famílias. Para se ter uma ideia, seria possível zerar a fila das pessoas que esperam um órgão compatível se as famílias de todos os possíveis doadores autorizassem a doação. Hoje, cerca de 43% dessas famílias ainda se nega a doar.