CAROL BORSATO*
Ser cego é uma coisa meio complicada de ser descrita. Isso se deve as situações inevitáveis que o deficiente visual passa no seu dia-a-dia. Às vezes essas situações se tornam muito constrangedoras e a pessoa sorri para não mostrar que está sem graça.
As perguntas indevidas são muitas, até porque mesmo a pessoa tem deficiência visual e não tem paralisia, o que mudaria todo o contexto. Perguntas do tipo:
- Quem passa batom em você?
- Nossa, sua roupa está combinando. Quem escolheu?
- Quantos dedos tem aqui?
São parte das perguntas que nunca deve ser feitas para o deficiente visual. E não fique só prendendo a conversa em torno da deficiência da pessoa, o cego não é um tolo.
E sabe falar de qualquer assunto. Ele usa internet, sabe das coisas que acontecem. E para terminar, não o chame de coitadinho, ninguém é coitado pelo fato de enxergar pouco, ou simplesmente não enxergar mesmo.
Cada pessoa é dona de sua vida e do seu destino. Só não luta por uma vida melhor quem não quer.
* Carol Borsato é a primeira repórter deficiente visual da história de Indaiatuba (SP).
foto: Fundação Dorina Nowill para Cegos