Cidades

Primeiro instituto de cegos no Brasil foi fundado na época de Dom Pedro II

CAROL BORSATO*

Hoje em dia temos muitos mas nem todo mundo sabe qual foi o primeiro, e nem mesmo que o primeiro foi fundado na época de D. Pedro II. É isso mesmo, o primeiro Instituto para Cegos do nosso país, é bem antigo e está localizado na cidade do Rio de Janeiro, no bairro Urca.

Seu idealizador foi o jovem José Álvares de Azevedo, deficiente visual que aprendeu Braille no Instituto da França, e ao voltar para o Brasil, começou a trabalhar com deficientes visuais. Foi o primeiro professor cego do país.

José Álvares de Azevedo se tornou amigo do médico dr. José Francisco Xavier Sigaud, um francês naturalizado brasileiro, que tinha uma filha cega chamada Adele Marie Louise Sigaud, que foi aluna de José Alvares.

José Álvares e José Francisco compartilhavam do mesmo desejo, de fundar uma Escola para Cegos no Brasil com os mesmos métodos da Instituição de Paris. Então dr. José Francisco apresentou o jovem talentoso José Álvares ao Barão de Rio Bonito, e pediu que o rapaz cego fosse levado ao imperador D. Pedro II. O Imperador ficou impressionado ao ver o jovem rapaz escrevendo e lendo em Braille, e deu ordens para que fosse fundado o Instituto para Cegos.

Em 12 de setembro de 1854 foi criado o Imperial Instituto dos Meninos Cegos (hoje Instituto Benjamin Constant) mas infelizmente o jovem sonhador José Álvares faleceu em 17 de março do mesmo ano e não participou da maior realização que tanto esperava.

O primeiro Instituto de cegos, inicialmente começou com 30 vagas, sendo que apenas 10 dessas eram gratuitas. Os alunos que lá estudaram aprenderam muito mais que apenas a leitura e escrita no sistema Braille, aprenderam música, empalhamento de cadeiras, tamanqueiro, torneiro e costura. Essas atividades eram divididas em atividades para meninos e para meninas.

Assim a escola de Cegos foi crescendo, recebendo mais alunos, até que precisou mudar de lugar, para que pudesse acomodar seus alunos mais adequadamente. D. Pedro II doou um terreno dele, particular, localizado na Praia Vermelha, atualmente Urca, na Av. Pasteur.

O nome atual da instituição é uma homenagem a um de seus antigos diretores, o Benjamin Constant, diretor que comandava a escola na época da construção do prédio da antiga Praia Vermelha. O Instituto Benjamin Constant permanece até hoje promovendo o atendimento a vários cegos do país e também estimulando a acessibilidade para os mesmos em escolas e empresas.

Lá também produz-se livros e revistas em Braille, como a revista da instituição, Revista do IBC, que tem histórias infantis, juvenis, piadas, além de curiosidades. O Instituto Benjamin Constant, IBC, está há 164 anos trabalhando pela inclusão dos deficientes visuais do Brasil. São 164 anos de luta e de crescimento na área da inclusão.

*Carol Borsato é a primeira repórter com deficiência visual da história de Indaiatuba (SP).

foto: divulgação