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“Eu sou Brasileiro” surpreende por qualidade técnica, mas peca no roteiro

A atriz Cristiana Oliveira com Paulo Celso Lui, dos cinemas Topázio, e Alessandro Barros, diretor do filme, no lançamento de Eu Sou Brasileiro, quarta-feira, no Polo Shopping. foto: Marcos Kimura

MARCOS KIMURA*

É estranho estrear uma crítica de cinema num novo espaço com um filme como “Eu sou Brasileiro”. Não há aqui a necessária distância entre o jornalista especializado e seu objeto de análise, uma vez que assisti ao desenvolvimento do projeto, conheço alguns envolvidos e ainda por cima foi filmado aqui no nosso quintal. O morador de Indaiatuba terá necessariamente uma visão diferente de quem não conhece a cidade.

Ainda assim, a produção me surpreendeu pela qualidade técnica, fotografia, som direto e montagem feitos com muita competência e profissionalismo (não é condescendência, muita produção badalada falha nisso miseravelmente). As limitações orçamentárias só ficam evidentes nos enquadramentos fechados e supercloses para disfarçar as locações.

O destaque positivo mais evidente é o cast tarimbado, que não se limita ao casal central Daniel Rocha (que é simpático e carismático, ainda que a cara do Dado Dolabella) e Fernanda Vasconcellos (de quem fiquei fã a partir de “Coisa mais Linda”, da Netflix) mas se estende ao elenco de apoio liderado por Letícia Spiller, Cristiana Oliveira e Zezé Motta, além de Felipe Folgosi, Marcella Ricca, João Vitti entre outros, que fazem a história funcionar até em pontas. Confira as estreias desta semana.

O que não ajuda é o roteiro, o que infelizmente é rotineiro no cinema brasileiro. Ele é recheado de clichês e tempos mortos, e carece de um desenvolvimento emocionalmente mais convincente. 

Mas, como eu disse anteriormente, o indaiatubano vai usufruir do filme de forma diferente dos demais. Ainda que a cidade não seja nomeada, as locações são facilmente identificáveis e os figurantes locais dão um sabor especial à trama e não comprometem. Veja horários da programação.

O diretor Alessandro Barros merece ser parabenizado pela realização, uma proeza logística, de alocação de recursos materiais, humanos e técnicos, “Eu sou Brasileiro” se junta a “Terra é sempre terra” (1951) e “A Morte comanda o Cangaço” (1960) entre as produções cinematográficas filmadas em Indaiatuba.

*Marcos Kimura é jornalista, curador do Cineclube Indaiatuba (SP) e escreve sobre cinema semanalmente.

foto: Marcos Kimura