MARCOS KIMURA*
“Bacurau”, de Kleber Mendonça Filho e Juliano Dorneles, e “Yesterday”, de Danny Boyle, são as estreias desta semana nos cinemas de Indaiatuba. Vencedor do Prêmio do Júri no último Festival de Veneza, “Bacurau” era o favorito para representar o Brasil na disputa pelo Oscar, mas acabou sendo superado pela “Vida Invisível”, de Karim Anouz. Nada contra o autor de “Madame Satã” e “O Céu de Suely”, mas as decisões da tal Academia Brasileira de Cinema nos último anos são de doer, haja visto a indicação no ano passado de “O Grande Circo Místico”, que é, no mínimo, ruim.
Bacurau é uma cidade do sertão que tem o nome e uma ave em extinção. Um dia, seus moradores descobrem que a cidade sumiu dos mapas e que estão sendo vigiados por drones e atacados por estranhos. É o terceiro filme do ex-crítico Kleber Mendonça Filho, e suas obras anteriores, “O som ao redor” e “Aquarius”, mais o reconhecimento em Cannes recomendam esta obra para os cinéfilos. No elenco estão Sônia Braga, Udo Kier (“Emanuelle”, “O Poderoso Chefão 3” e “Blade”), Karine Telles (“Benzinho”), Barbara Cohen (“Aquarius”), Chris Doubek (“Boyhood”) e Alli Willow (“O Escolhido”).
E se os Beatles não existissem?
Jack Mallik é um aspirante a cantor e compositor que, após um incidente, passa a ser a única pessoas a se lembrar dos The Beatles e suas canções. Quando ele canta “Yesterday”, “Let it be” e outras músicas de Lennon & McCartney, todo mundo acha que ele é o maior músico pop do planeta.
Esta é a premissa de “Yesterday”, filme de Danny Boyle (“Qem quer ser um milionário?”, “Trainspotting”), cujo maior atrativo é justamente a obra do quarteto de Liverpool e seu legado: como serio mundo se ela não existisse. No elenco estão Himesh Patel, que canta e toca de verdade (senão, qual a vantagem e ter um completo desconhecido como protagonista?); Lilly James (a lindinha de “Cinderella”, “Em ritmo de fuga”); Kate McKinnon (“Caça-Fantasmas”) e Ed Sheeran no papel dele mesmo.
Os beatlemaníacos de plantão vão se divertir com os easter eggs espalhados pelo filme, que vão de citações na trilha musical a visitas aos locais que inspiraram diversas músicas. Sem falar numa aparição emocionante.
Simonal no Cine Cult
Na próxima terça, dia 3, a sessão Cine Cult traz a cinebiografia “Simonal”, de Leonardo Domingues, estreando em longa metragens. No final dos anos 60, o maior popstar do Brasil era Wilson Simonal, um cantor negro, cheio de swingue e com uma voz privilegiada. O ponto alto de sua carreira foi em 1969, quando ele abriu o show de Sergio Mendes no Maracanãzinho e fez as 30 mil pessoas cantar em coro “Meu limão, Meu limoeiro”.
Quando Mendes subiu ao palco com seu grupo Brasil 66 e tocou sua versão em inglês de “Sá Marina” (sucesso de Simonal, que anos depois seria regravada por Ivete Sangalo), o público exigiu a volta do cantor, numa inédita consagração nacional. Todo esse sucesso teria um fim, após uma sucessão de erros culminou com um carimbo de dedo-duro da Ditadura, que praticamente acabou com sua carreira.
Fabrício Boliveira interpreta Simonal, sendo dublado pelo próprio nos números musicais; Isis Valverde faz o papel de sua esposa Tereza; Leandro Hassum é Carlos Imperial e Mariana Lima é a socialite Laura Figueiredo. O filme teve o aval da verdadeira Tereza e dos filhos, mas tenta não ser chapa branca, abordando outros episódios polêmicos envolvendo infidelidades e agressões conjugais. A sessão será às 19h30 no Topázio do shopping Jaraguá, com ingresso único a R$10,00.
*Marcos Kimura é jornalista, curador do Cineclube Indaiatuba (SP) e escreve sobre cinema às quartas.
PALAVRA-CHAVE: THE BEATLES
foto: reprodução/divulgação