O médico angiologista e cirurgião vascular André Mancilha Cancela representou o Hospital Augusto de Oliveira Camargo (HAOC) no 46º Simpósio Anual de Assuntos Vasculares e Endovasculares, Técnicas, Horizontes (VEITHsymposium), realizado entre os dias 19 e 23 de novembro de 2019 em Nova Iorque (EUA). O cirurgião vascular trata as doenças de veias, artérias e linfáticos, abrangendo abdômen, tórax (exceto coração), membros inferiores e superiores, e pescoço até a base do crânio.
O VEITHsymposium oferece a cirurgiões vasculares, radiologistas intervencionistas, cardiologistas intervencionistas e outros especialistas vasculares um formato único para aprender as informações mais atuais sobre o que há de novo e importante no tratamento de doenças vasculares. O evento de cinco dias realiza apresentações rápidas de especialistas vasculares de renome mundial.
Dr. Cancela apresentou no pódio global o tema “Aneurisma da aorta infra-renal associado à oclusão da artéria ilíaca externa ou comum”. Trata-se de um estudo realizado durante três anos pela equipe de cirurgiões vasculares com um grupo de oito pacientes que passaram por tratamento cirúrgico endovascular para tratar um aneurisma de aorta abdominal infra-renal associado a oclusão de um ramo ilíaco (que vai da região abdominal para a perna), realizando a recanalização da artéria ilíaca, é inserida uma endoprótese,bifurcada, tratando o aneurisma e também garantindo a circulação sanguínea do membro correspondente, melhorando os sintomas de claudicação, que é a dor no membro inferior causada por pouco fluxo de sangue. “É uma cirurgia mais anatômica, porém mais complexa na realização, mas com benefícios para o paciente. Todos os casos tiveram uma excelente evolução”, avalia Dr. Cancela.
Os resultados bem-sucedidos motivaram a apresentação do caso no VEITHsymposium, um dos maiores congressos do mundo em cirurgia vascular, divulgando o trabalho realizado em uma cidade do porte de Indaiatuba e compartilhando a experiência do trabalho positivo da equipe de cirurgiões vasculares, que além de Dr. Cancela, também conta com o trabalho dos médicos Giulliano Filippini Cacciacarro, Sebastião Luiz e Guilherme Vieira Meirelles. “Importante compartilhar nosso trabalho em um dos maiores congressos do mundo em cirurgia vascular, fazer esta divulgação do nosso centro e do nosso trabalho, experiência e resultados positivos”, comenta.
Causa
Tanto o aneurisma (que é a dilatação das artérias) quanto a doença arterial obstrutiva são causados por hipertensão arterial não controlada, diabetes, dislipidemia (colesterol e triglicerídeos altos no plasma ou a diminuição dos níveis de HDL que contribuem para a aterosclerose). É associado principalmente ao uso de cigarro e também ao histórico familiar. “Até certo ponto, é comum a associação de aneurisma de aorta abdominal com oclusão de uma das artérias”, explica.
Diagnóstico
O aneurisma de aorta abdominal normalmente é uma doença assintomática, mais incidente em homens acima de 60 anos, e cujo diagnóstico ocorre incidentalmente. “O paciente faz um ultrassom de abdômen, por algum motivo, e chega-se ao diagnóstico. Por isso é importante, durante algum momento da vida, passar por uma consulta com um cirurgião vascular para poder examinar mais especificamente as doenças possíveis vasculares daquela idade”.
Tratamento
Dr. Cancela lembra que o principal risco do aneurisma é a ruptura, e quando ela ocorre, tem grande índice de letalidade. “Nos casos em que rompe o aneurisma, metade dos pacientes morrem em casa e mais da metade que chega ao hospital vai à óbito. Então, existe a indicação de tamanho para tratamento cirúrgico endovascular. Se não chegou neste tamanho, a gente faz uma vigilância periódica com exame complementar e, a partir do momento que atinge determinada dimensão, tem que fazer a cirurgia”.
Cirurgia
Os oito casos estudados são referentes a pacientes com aneurisma de aorta abdominal infra-renal (abaixo dos rins) que tem associado a oclusão de algum ramo da artéria ilíaca (que vai para as pernas). Normalmente, a cirurgia consiste na colocação de uma endoprótese monoilíaca (só vai para aquela ilíaca que está aberta e esquece a que está ocluída) por via endovascular. Já este tratamento realizado pela equipe de cirurgiões vasculares no HAOC, utiliza a endoprótese bifurcada, o que possibilita tratar o aneurisma e recanalizar a artéria ilíaca.