CidadesIndaiatubaJundiaí

Despoluição do rio Jundiaí é exemplo para o Rio Pinheiros, em São Paulo

Agência Brasil

Enquanto na capital a despoluição do Rio Pinheiros ainda está em andamento, a 60 km da metrópole, em Jundiaí, o rio que dá nome à cidade vem passando por uma transformação importante nos últimos 30 anos. O rio – que já foi enquadrado na classe 4 (quase morto) – hoje tem peixes e é considerado classe 3, quando as águas podem ser destinadas ao abastecimento para consumo humano, após tratamento convencional ou avançado.

De acordo com o diretor da Companhia Saneamento de Jundiaí (CSJ), Luiz Pannuti Carra, o trabalho de despoluição do Rio Jundiaí foi um longo processo que começou em 1984. “No começo dos anos 1980, o Rio Jundiaí era mais poluído que o Rio Tietê, nessa época, um jornalista da cidade [Jayme Martins] desafiou os candidatos a prefeito a incluir a limpeza do rio na sua plataforma de campanha”, afirmou.

Em Jundiaí, segundo ele, foi encontrada uma solução mista com apoio do Departamento de Água e Esgoto SA (DAE), uma empresa municipal, que faz o fornecimento de água tratada e coleta o esgoto em conjunto com a CSJ, a concessionária responsável pelo tratamento do esgoto gerado pela cidade, incluindo indústrias e comércio. Atualmente, a cidade tem três Estações de Tratamento de Esgoto, nos bairros Jardim Novo Horizonte, São José e Fernandes.

“Essa empresa construiu a Estação de Tratamento de Esgoto de Jundiaí (ETEJ) que, por muito tempo, foi a maior no interior de São Paulo. Essa estação vem operando desde 1998 e, em cinco anos, já tivemos uma surpresa bem interessante que foi a volta do peixe jundiá ao rio, uma espécie de bagre”.

Com 123 quilômetros de extensão, sendo 28 km dentro da cidade, o Rio Jundiaí tem seu nome originado do tupi e vem da palavra “jundiá”, que significa “bagre” e “y” significa “rio”. A bacia tem uma área de 1114 km². O Jundiaí nasce em Mairiporã, passa por Atibaia, Campo Limpo, Várzea Paulista, Jundiaí, Itupeva, Indaiatuba e Salto, desaguando no Rio Tietê.

O exemplo fez outras cidades que compõem a bacia também tratarem seus esgotos. “Em 2013, Várzea Paulista e Campo Limpo começaram a tratar. A cidade de Indaiatuba está terminando uma expansão da sua ETE e tudo isso culminou que, em 2017, o Rio Jundiaí foi promovido oficialmente para a classe 3, uma coisa muita boa que já permite captar água potável para abastecimento urbano”, comemorou Carra.

Segundo o diretor da CSJ, o trabalho não para. “O rio já tem vários peixes, ainda não é um rio para nadar, mas é um rio que dá para se orgulhar, é um trabalho que não para, ainda tem tratamento para fazer”, analisou. Além de devolver água tratada ao curso do rio, a ETEJ também transforma o lodo de esgoto gerado em material rico em matéria orgânica e nutrientes e por isso apresenta grande potencial de utilização na agricultura, como fertilizante orgânico.

Rio Pinheiros

O governo de São Paulo anunciou no início deste mês investimentos de R$ 2,5 bilhões para obras de saneamento, incluindo infraestrutura de saneamento, na bacia do Rio Pinheiros. Os financiamentos permitirão a execução de obras rumo à universalização da oferta de água e do sistema de esgoto nas regiões de maior vulnerabilidade social, impactando diretamente na despoluição dos principais rios da metrópole.

Na ocasião foi anunciada a assinatura dos quatro primeiros contratos com as empresas que estão iniciando parte dos pacotes de obras do Novo Rio Pinheiros, o programa que prevê intervenções de saneamento e socioambientais com o objetivo de devolver o Rio Pinheiros limpo à população até 2022.

As obras e ações iniciais do Novo Rio Pinheiros estão divididas em 14 lotes, que somam R$ 1,5 bilhão em investimentos. As obras vão beneficiar cerca de 3,3 milhões de pessoas que moram em locais abrangidos pela bacia do Rio Pinheiros, uma área de 271 km² que inclui bairros nos municípios de São Paulo, Embu das Artes e Taboão da Serra.

De acordo com informações da Sabesp, por meio da implantação de interceptores, redes coletoras e ligações, entre outras medidas, a iniciativa vai elevar o tratamento de esgoto na região dos atuais 4.600 litros por segundo para 7.400 l/s em 2022. O Programa Novo Rio Pinheiros contempla ainda ações de desassoreamento, coleta e destinação dos resíduos sólidos, revitalização das margens e educação ambiental.

foto: arquivo