Em uma das mãos prepare o lenço e na outra um balde de pipoca. “Milagre na Cela 7” é o filme que você precisa assistir nesta quarentena. Disponível na Netflix, como algumas outras sugestões que demos para vocês aqui, o drama só tem a opção de assistir na linguagem original, da Turquia, com legendas, mas vale a experiência. Baseado em um filme coreano, a obra vai te lembrar muito o clássico “À Espera de um Milagre”, de 1999, premiado e conhecido por ser um dos grandes sucessos de Tom Hanks.
Falando em grandes atores, prepare-se para uma atuação impecável e magistral de Aras Bulut İynemli, turco que vive o protagonista Memo. Uma prisão injusta, a pena de morte e a luta contra o tempo pela Justiça ligam os sucessos turco e de Stephen King. A história foi adaptada também para o ambiente europeu. Religioso, político, bélico e cheio de lindas cenas em campos, o filme vestiu muito bem as cores vermelhas da Turquia.
Memo é um pastor de ovelhas que tem deficiência cognitiva. Toda a história o cerca, inclusive a atriz mirim Nisa Sofiya Aksongur, que vive Ova, filha de Memo. Os dois são, sem dúvida, um show à parte na história. Depois de um acidente com a filha de um general, Memo vai preso e é condenado à forca. O ano é 1983, quando ainda havia pena de morte na Turquia, segundo a história. É aí que começa uma busca de Ova por testemunhas que possam ajudar a inocentar o pai, alvo feroz de um general ferido pela morte da filha. A cena da descoberta da morte, inclusive, parece uma releitura de “À Espera de Um Milagre”, você vai lembrar.
Memo encontra um ambiente extremamente hostil no cárcere. Imagine a recepção que os prisioneiros dariam à um assassino de criança, mesmo que eles também sejam condenados por crimes graves. Essa busca, a transformação do ambiente com Memo e o desenvolvimento destes personagens da cadeia justificam as mais de duas horas de película.
Quando me indicaram o filme, citaram efeitos colaterais da exibição: olhos inchados de tanto chorar. Basta uma rápida pesquisa para constatar: o filme está tirando lágrimas de todos que assistem. Vale muito a pena separar um tempo e assistir em família. Vale uma menção a Celile Toyon Uysal, que vive Fatma, a mãe de Memo, e para İlker Aksum, na pele do bandido Askorozlu.
Destaque, claro, para Aras Bulut İynemli, que tem – repito -, uma atuação impressionante. A temática do filme é difícil e nas mãos de um ator pouco capaz, poderia tornar a história uma tragédia cinematográfica. Pelo contrário, ele encarna Memo demonstrando ter entendido bem o personagem proposto e entrega tudo em cena, uma mágica, ingênua e inocente postura. Chore… quer dizer, assista.
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