Estreou nas últimas semanas na Netflix a cinebiografia “Sergio”, sobre o chanceler brasileiro Sergio Vieira de Mello, resultado de um livro e de um documentário sobre a vida e obra de uma das maiores autoridades diplomáticas que o Brasil já teve. A produção que é da própria Netflix traz o brasileiro Wagner Moura como protagonista. Apesar de tudo isso, o filme tem o áudio original em inglês, mas é possível assistir dublado. É curioso ver o brasileiro dublando a si mesmo em português.
Ele faz par romântico com a personagem vivida pela atriz cubana Ana de Armas. Sergio Vieira de Mello foi um dos mais importantes diplomatas brasileiros. Ele trabalha para a Organização das Nações Unidas (ONU) e era especialista em resolver conflitos. O sucesso da atuação do brasileiro foi tanto que ele estava entre os cotados para substituir o secretário-geral Kofi Annan, no início dos anos 2000.
A história circula o relacionamento dele com uma das funcionárias da entidade, Carolina. Mostra uma face do pai, do filho e do brasileiro que tinha saudade de casa. O que chama atenção também na história do brasileiro é o fato de ele ter intermediado um conflito complexo no Timor Leste. Ele foi incumbido de conversar com o líder da Indonésia. A missão? Dizer que ele tinha que pedir desculpas por uma atuação que causou diversas mortes. Se hoje em dia a Indonésia ainda é conhecida por ser um regime complicado, imagine há décadas atrás? O desenvolvimento do fato é um dos pontos altos do filme.
A obra pode ser classificada como um romance biográfico. As cenas que desenvolvem o casal servem como um respiro entre as tensões da atividade diplomática. O ponto alto do filme sem dúvida é o envio da equipe da ONU até o Iraque para mediar novas eleições pós Saddam Hussein. Os conflitos com os interesses norte-americanos mostram a importância do brasileiro e revelam uma face ainda mais cruel do conflito, pensando no povo iraquiano. A denúncia de abusos dos soldados estava entre as atitudes que o diplomata faria e deixaria os Estados Unidos com problemas diante da comunidade internacional.
A narrativa não é linear, ou seja, brinca com o tempo. Começa em um ponto, vai relembrando e como um quebra cabeça se monta ao longo das quase duas horas de exibição. Junte isso à dificuldade das legendas, caso você queira assistir no original, que tem momentos de falas em inglês, espanhol, português e até algumas frases em francês. Afinal, é um filme sobre diplomacia e relações de países, conflitos. Seria inevitável.
O resultado é um filme muito bem feito, uma obra que vale a pena assistir. Wagner, que já foi capitão Nascimento (Tropa de Elite 1 e 2) e Pablo Escobar (Narcos), só reforça a grandeza da carreira com mais um grande papel. Não é um filme para fim de noite, pois requer muita atenção aos detalhes, mas revela uma figura importantíssima do Brasil para quem não conhecia.
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