Aos 87 anos, médica brasileira referência mundial está curada do coronavírus e quer voltar a trabalhar
A cirurgiã Angelita Habr-Gama se curou da Covid-19 e teve alta neste domingo (10), após 50 dias sedada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, na cidade de São Paulo. Ela deu entrada na unidade hospitalar no dia 18 de março, quando o estado de São Paulo contabilizava 240 casos confirmados da doença e três mortes por infecção do coronavírus – nesta segunda-feira (11), São Paulo chegou à marca de 46.131 casos confirmados e 3.743 mortes causadas pelo vírus.
Na nota que anunciou a cura, o hospital onde a cirurgiã esteve internada e onde atua desde 1960 disse que “a Dra. Angelita Habr-Gama tem significado especial para todos nós do Hospital Alemão Oswaldo Cruz e para todos os profissionais da saúde. Dra. Angelita é uma das mais brilhantes cirurgiãs do país, uma profissional reconhecida internacionalmente por sua atuação na área de coloproctologia e por seu trabalho como pesquisadora”.
“O que muda é que a gente fica muito tempo lidando com a morte. A gente sabe que existe um prazo determinado de vida, mas não se prepara para esse momento, e é uma sensação estranha acordar. Acordei de repente e é uma sensação de vida nova. Meu entusiasmo vai se renovar, pois estarei consciente do valor de cada minuto. Cada minuto é precioso. A vida é extraordinária”, continuou, Angelita Gama, acrescentando que se tudo continuar correndo bem, logo poderá voltar ao que mais gosta, que é a sua rotina de trabalho.
Referência mundial
A gastroenterologista Angelita Habr-Gama traçou uma trajetória de sucesso e é referência mundial na especialidade em que atua, a coloproctologia, que estuda as doenças do intestino grosso, do reto e ânus. Em 1952, 19 anos, ela entrou na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, onde alcançou topo da carreira na docência, como professora titular de cirurgia, por uma carreira marcada pela formação altamente especializada e pela excelência no ensino, na pesquisa e na extensão.
Pioneira, doutora Angelita Gama foi a primeira mulher residente de cirurgia do Hospital das Clínicas (HC), anos mais tarde criou a disciplina de Coloproctologia na unidade, e foi a primeira a chefiar os departamentos de Cirurgia e Gastroenterologia da FMUSP.
Ela publicou centenas de trabalhos científicos, ganhou mais de 50 prêmios nacionais e internacionais, foi nomeada coordenadora no Brasil do Programa de Prevenção do Câncer Colorretal pela Organização Mundial de Gastroenterologia (OMGE), fundou a Associação Brasileira de Prevenção do Câncer de Intestino (Abrapreci), preside inúmeras sociedades científicas, é membro honorária no centenário American College of Surgeons, é a primeira mulher a integrar o seleto grupo de 17 Membros Honorários da European Surgical Association e foi reconhecida pela revista Forbes como uma das mulheres mais influentes do Brasil.
foto: arquivo pessoal