A bebê recém-nascida deixada dentro de uma igreja católica no fim de semana, na Vila Arens, em Jundiaí (SP), foi adotada e recebeu uma nova família na última terça-feira (11). A identidade dos novos pais foi mantida em sigilo.
A reportagem , a promotora da Infância e Juventude de Jundiaí, Ana Beatriz Sampaio Silva Vieira, afirmou que a situação pode ser assemelhada à entrega voluntária, conforme o artigo 19-A do Estatuto da Criança e do Adolescente.
“Muito embora a genitora da criança não tenha feito a entrega da mesma, diretamente ao sistema de Justiça, de modo a possibilitar sua oitiva por equipe interprofissional, o fato é que sua atitude está a revelar que, dentro de suas possibilidades e de seu contexto socioemocional, a genitora agiu com a intenção da entrega, eis que deixou a filha em um espaço de proteção [igreja], acompanhada de uma carta em que faz um apelo de cuidado e felicidade para a filha”, diz.
A Justiça considera que, como a mãe deixou a bebê na porta da igreja, a menina foi deixada para ser adotada. O casal que cuida da criança se habilitou e aguardou na fila.
“É neste contexto, de reconhecimento de suas próprias fragilidades e incapacidades, seguido de um apelo para o cuidado do bebê e não de abandono, que o sistema de Justiça tratou o caso”, explica.
Deixada na igreja
A menina foi encontrada por um vigia que estava no local e ouviu um choro. A mãe também deixou uma carta para
quem a encontrasse. (Leia na íntegra abaixo)
“Cheguei às 7h, ouvi o chorinho e vim ver. A gente olha atrás de bancos da igreja, mas não atrás da porta. Você não imagina que vai ter alguma lá”, afirmou o vigia Luiz Elias dos Santos.
De acordo com a Guarda Municipal, uma equipe foi informada pelo vigilante da igreja de que ao chegar cedo notou que havia uma bolsa no local. Ao verificar, o vigia constatou que no interior estava a recém-nascida. A suspeita é que ela tenha sido deixada na noite de sexta-feira (7) antes da igreja fechar.
Os guardas foram até o local e verificaram que criança não aparentava ferimentos. Os agentes levaram a bebê até o Hospital Universitário.
“A gente fica chateado com a situação. A bolsa estava com o zíper aberto e ela estava encolhida, de lado e um pouquinho molhada, por causa do xixi da noite”, lembrou o guarda municipal Marcel Arruda.
Recado da mãe:
“Essa princesa pode ser chamada de Zoe Maria. Ela nasceu no dia 31 de julho de 2020 às, 6h40 da manhã e precisa de um lar. Seja lá quem encontre, não faça nenhum mal pra essa princesa. Ajude ela, por favor.
Não me orgulho e nem fico feliz com essa situação, mas creio estar fazendo o melhor para ela. Infelizmente não tenho condições para criá-la.
Cuide, por favor, dessa princesa e por favor não faça nenhum mal pra ela, ela só é um anjo que precisa de um lar.
Se você que a encontrou não puder dar, ajude ela a ir para um lugar seguro. Que Deus proteja você.
E minha princesa que você um dia passa a me perdoar, jamais te esquecerei. Estará todos os dias sem meus pensamentos pra sempre no meu coração e em todas as minhas orações. Eu te amo, princesa.”