As medidas de fechamento de bares às 20 horas e a proibição de venda de bebidas a partir desse horário nos restaurantes, conforme anunciadas hoje pelo governo do Estado de São Paulo, irá colapsar o setor de bares e restaurantes, aumentando o número de estabelecimentos fechados e demissões de funcionários. A projeção é da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes da Região Metropolitana de Campinas (Abrasel RMC), que considera irresponsável o governo responsabilizar somente o setor pelo aumento de casos de transmissão da covid-19. A entidade anunciou que vai entrar com ações judiciais para reverter a decisão estadual.
Pelas novas regras anunciadas pelo Governo do Estado que devem entrar em vigor neste sábado, com duração de 30 dias corridos, os bares poderão funcionar somente até às 20h, enquanto os restaurantes podem ficar abertos até 22h, mas com restrição de venda de bebidas a partir das 20h. Outra medida é com relação ao número de pessoas nas mesas, restrita a apenas seis, esta já recomenda pela entidade do setor.
Estas restrições, segundo Matheus Mason, presidente da Abrasel RMC, “sem nenhuma lógica e sentido” vão agravar ainda mais os problemas financeiros do setor de alimentação fora do lar, como bares e restaurantes, provocando demissões em massa e o encerramento de milhares de negócios. E vai mais além: “não faz sentido fechar bares e restaurantes enquanto ele aumenta o horário de funcionamento de lojas para reduzir as aglomerações”.
“Qual a lógica de uma pessoa estar dentro de bares e restaurantes, tomando uma bebida, e ter de parar de consumir às 20h? O governador não leva em consideração nenhuma os estabelecimentos que compraram produtos, fizeram estoques de comidas e bebidas”, argumenta Mason. “Não há nenhuma comprovação de que os bares e restaurantes sejam locais de transmissão e muito menos que o consumo de bebidas alcoólicas aumenta a contaminação, como afirma o governo”.
Segundo ele, ao invés de restringir horário, que pode provocar aglomerações, o Estado deveria aumentar o horário de atendimento para diminuir o número de pessoas simultâneas nos estabelecimentos. “Esta restrição vai apenas aumentar o número de festas clandestinas, que isso sim deveria ser o foco de atuação do estado e não penalizar o empresário quem luta para seguir as leis neste país.”, lembra.
O presidente da Abrasel RMC lembra, ainda, que as restrições penalizam o setor que mais emprega, com seis milhões de postos de trabalhos. “Não dá para entender a razão de o governador crucificar milhares de brasileiros e os colocar na rua. O Dória está assinando a demissão de milhares de pessoas, sustentos de famílias, com carteiras de trabalho”, lembrando que o isolamento e o fechamento das casas por 141 levaram ao encerramento de mais de 4,2 mil estabelecimentos e eliminação de cerca de 15 mil vagas somente na RMC. Parte dos bares e restaurantes que voltaram a operar foi obrigada a recorrer aos planos de apoio do governo federal para pagamento de salários e sobrevivência, que estão começando a ser pagos neste final de ano.
AÇÕES JUDICIAIS
A Abrasel RMC já acionou o seu departamento jurídico a fim de entrar com ações judiciais nos próximos dias com o objetivo de derrubar as medidas anunciadas.