CAROL BORSATO*
A incansável luta pela igualdade nunca acaba, sempre aparece algo para darmos continuidade e, parece brincadeira, mas tudo que o deficiente visual vai fazer, precisa provar, através de laudos, que não vê. Para ter acesso aos direitos que mais permitem a um cego ser independente, ele precisa atestar pobreza. É um absurdo, mas é a realidade dos deficientes em geral.
Muitas vezes você não consegue trabalhar, pois as empresas não querem te empregar, vão te empurrar para o BPC, o benefício de prestação continuada, concedido pela Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS. Só que para ter direito ao BPC, é necessário que a renda por pessoa do grupo familiar seja menor que 1/4 do salário-mínimo vigente. Isso mesmo, renda de ¼ do salário mínimo por pessoa da família.
Produtos de acessibilidade que tornam um cego independente, são caros.
Já pensou em quantas bengalas o deficiente visual ativo precisa comprar durante uma vida? E já se perguntou quanto custam essas bengalas? E as regletes, punções, celulares, pedras de amolar punção, sem falar dos aplicativos leitores de OCR… são inúmeras tecnologias que se os cegos tivessem condições de comprar, facilitariam muito o seu dia a dia. Existem países em que você não precisa comprovar renda para ter acesso à esses direitos.
É incrível não é? Mas ser deficiente é muito difícil, muito mais do que as pessoas imaginam.
*Carol Borsato é a primeira repórter deficiente visual da história de Indaiatuba (SP) e escreve aos domingos.
foto: divulgação/arquivo