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A sociedade não é justa para os deficientes visuais

CAROL BORSATO*

Uma sociedade mais justa é a sociedade onde todas pessoas que fazem parte são contempladas em todos sentidos. Já para os deficientes visuais, a sociedade não é justa. O preconceito parece aumentar mais a cada dia. Algumas situações exemplificam bem. Se o deficiente visual vai procurar emprego, é rejeitado porque não enxerga e a empresa não quer saber de se adaptar para recebê-lo.

Na escola a criança cega não tem amigos de verdade e muitas vezes nem de mentira, ou o que se chama de amigo por interesse. O deficiente visual também é cobrado por não responder mensagens de imagens, mas como ele vai falar qualquer coisa sobre uma imagem, sendo que ele não a viu? Tem muitas outras situações que são injustas para com uma pessoa com deficiência visual.

A pessoa fala: “Tadinho, não enxerga. Como vai fazer alguma coisa?” Essa de ver o cego como um coitado sem noção magoa demais. Será que uma pessoa que enxerga gostaria de ser chamada de coitada só porque para ler materiais impressos precisa de luz ligada, enquanto o cego faz tudo sem ligar a luz?

É isso mesmo. O fato de ser cego tem lá o lado positivo que quem enxerga não consegue ver. Eu não ligo a luz para nada. A não ser que vá tirar uma foto e para ler algo com meu aplicativo smart braile, um app para android que tem a função de scanner. Fora essas coisas que dependem de câmera eu não ligo a luz.

O que você leitor acha desse belo detalhe que nunca passou por sua cabeça? O deficiente visual gosta de ser tratado como uma pessoa comum. É importante também ter acessibilidade para que ele possa se virar sozinho. Quanto menos ajuda ele precisar pedir, melhor.

Hoje, temos a possibilidade de contar com a ajuda da tecnologia, é um grande passo, mas a tecnologia, precisa melhorar muito ainda. Bengala inteligente, óculos que lê, lysa cão-guia robô, celulares, entre outras coisas, fazem parte do que já foi produzido para ajuda-los, apesar dos preços serem altos demais e poucos cegos poderem ter acesso.

Tudo isso por causa das empresas que não querem patrocinar produtos de acessibilidade para deficientes visuais, mas quando se trata de produtos não acessíveis todas empresas brigam para patrocinar.

*Carol Borsato é a primeira repórter com deficiência visual da história de Indaiatuba (SP).

foto: divulgação