Adiar a cirurgia de catarata desequilibra o metabolismo – Comando Notícia
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Adiar a cirurgia de catarata desequilibra o metabolismo

A doença que mais cresce no Brasil e no mundo é a catarata, opacificação do cristalino que tem como maior causa o envelhecimento emné 30% maior entre mulheres. Se você já passou dos 60, cansou de trocar os óculos, tem dificuldade de dirigir contra o sol e insiste em adiar a cirurgia de catarata, saiba que pode estar cavando a síndrome metabólica que pode lhe trazer complicações como infarto ou AVC (Acidente Vascular Cerebral), doenças  que chegam sem fazer qualquer alarde. Segundo o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto, diretor executivo do Instituto Penido Burnier que também é membro do CBO (Conselho Brasileiro de Oftalmologia) e da ASCRS (American Society of Cataract and Refractive Surgery) a síndrome metabólica não tem sintomas óbvios. É caracterizada por,  pelo menos, três dessas alterações:

·        Hipertensão arterial – acima de 13/8 mm/Hg;

·        Acúmulo de gordura na barriga;

·        Triglicerídeos acima de 150 mg/dl

·        Glicemia acima de 100mg/dl ou diagnóstico de diabetes;

·        Colesterol  HDL abaixo de 40 mg/dl em homens e 50mg/dl em mulheres

Uma evidência disso foi revelada  em pesquisa publicada no JAMA Ophthalmology por pesquisadores da  Nara Medical Scholl of Medicine (Japão) sobre os efeitos da cirurgia de catarata na saúde.

 

A pesquisa

A pesquisa reuniu 169 pacientes do hospital universitário NARA com diagnóstico de catarata, opacificação do cristalino, e sem outras doenças nos olhos. Dos participantes, 97 eram homens e 72 mulheres com idade média de 75 anos. Parte passou pela cirurgia de catarata e parte formou um grupo de controle. Todos foram acompanhados durante  3 meses após a cirurgia de catarata e submetidos à coleta diária  de urina pela manhã, para avaliar a concentração de melatonina.

 

Os pesquisadores observaram que o grupo operado da catarata apresentou concentração bem mais elevada de  melatonina na urina que o grupo controle. Por isso concluíram que a  maior entrada de luz nos olhos após a cirurgia de catarata, aumenta a produção da melatonina, hormônio indutor do sono.

 

 

Queiroz Neto explica que a melatonina é um hormônio indutor do sono que alinha nossas funções biológicas no período de 24 horas, conhecidas por ciclo circadiano. “A falta deste hormônio faz  pessoas com mais de 60 anos perderem o sono conforme o cristalino vai ficando opaco pela catarata”, pontua. O especialista esclarece que a produção da melatonina depende de dois fatores: Ambiente escuro durante a noite e quantidade de luz azul que penetra nos olhos durante o dia para estimular as células ganglionares da retina a produzir um  pigmento chamado melanopsina.

 

Por isso, trocar o dia pela noite e usar o celular que emite luz azul antes de dormir provoca queda na produção deste hormônio. Já quem adia a cirurgia de catarata e recorre às cápsulas de melatonina pode até dormir, mas desequilibra o organismo e corre maior risco na cirurgia, por causa do enrijecimento do cristalino.

 

Efeito cascata

Queiroz Neto ressalta que por ser essencial à indução ao sono, a melatonina tem importante papel no combate à depressão. Também tem ação antioxidante, além de regular a produção do cortisol, adrenalina e insulina.  Por isso quando sua produção cai o resultado é a síndrome metabólica. A cirurgia de catarata, ressalta,  é um procedimento indolor, feito com anestesia local e a recuperação é rápida. sempre feita primeiro em um olho e após uma semana no outro.  O paciente deve usar rigorosamente os colírios indicados pelo cirurgião. Muitos já referem melhora no estado emocional após operar o primeiro olho. Isso porque, as cores ficam mais vibrantes e o qualidade de sono tem melhora imediata.

O oftalmologista afirma que tanto o cortisol quanto a adrenalina são hormônios responsáveis por nosso estado de vigília que atingem níveis elevados quando a melatonina é insuficiente.  Já a insulina produzida pelo pâncreas, regula os níveis glicêmicos na corrente sanguínea e sofre queda quando a concentração de melatonina é menor.

 

O excesso de cortisol, explica, predispõe ao ganho de peso e ao colesterol alto que altera os delicados vasos no fundo do olho, além de e dobra o risco de desenvolver a  degeneração macular, maior causa de perda irrecuperável da visão  caracterizada pela degradação da porção central da retina,  responsável pela visão de detalhes. É também um dos principais fatores de risco do infarto e outras complicações cardíacas, salienta.

 

Outro efeito do aumento do cortisol elencado por Queiroz Neto é a elevação da glicemia que também pode ser causada por uma deficiência da produção de insulina pelo pâncreas ou resistência das células à insulina, alterações que provocam o diabetes tipo 1 e tipo 2. Após 10 a 15 anos convivendo com o diabetes pode surgir a retinopatia diabética, importante causa de perda da visão, mesmo quando a glicemia é bem controlada. A boa notícia é que se a retinopatia for descoberta no início, dificilmente leva à perda da visão. O tratamento com aplicações de laser e injeções tem alcançado bons resultados quando o diagnóstico acontece no início. Portanto, todo diabético deve consultar o oftalmologista anualmente e até em períodos menores conforme indicação médica.

 

O especialista explica que a adrenalina ou hormônio do estresse em alto nível acelera o coração, aumenta a pressão arterial e o risco de AVC (Acidente Vascular Cerebral). A hipertensão arterial força o sistema cardíaco, pode causar alteração na retina e rins. Todos estes problemas de saúde podem ser detectados em consultas oftalmológicas periódicas. Prevenir é melhor que remediar, conclui.

Com informações: Eutropia LDC

Foto: Freepik