Cidades

Afinal de contas, como vivem os cegos?

por CAROL BORSATO*

Essa pergunta não é difícil de responder. Alguns estão estudando pois acreditam que assim serão alguém no futuro. Outros estão no mercado de trabalho. Sim! Somos produtivos!

Outros vivem “enclausurados”, em casa, pois têm medo das dificuldades ou não foram preparados para elas. Também tem aqueles que estão se reabilitando, pois sabem que um dia estarão sozinhos e serão responsáveis por si mesmos.

Ah! E existe aquela pequena parcela que está nas instituições para fazer número, além de falar da vida dos outros. Enfim, todos os lugares – assim como todas as pessoas – tem seu lado bom e  ruim. Infelizmente dentro das instituições também existe esse lado chato da fofoca. São pessoas reunidas e convivendo no dia a dia. Não é o fato de a pessoa ser cega, que vai fazer dela uma pessoa do bem, por isso os cegos bons também devem tomar cuidado quando falam de si para os outros.

Chega-se ao absurdo de se empurrarem pelas escadas. Falo por experiência própria. Já fui empurrada na escada do ginásio da instituição em que eu estudava e também numa das escadas do pátio de uma escola comum por que passei.

A falta de respeito está em qualquer lugar, não temos como fugir. Mas se puder evitar as escadas, melhor, pois fica livre dos obstáculos humanos que ficam sentados na escada e você, cego, acaba, muitas vezes, caindo por cima deles.

Para todos os efeitos, quando se trata de locomoção, esteja onde estiver, é de bengala na mão para se orientar e, se precisar, para se defender! (risos)

*Carol Borsato é jornalista e a primeira repórter deficiente visual da história de Indaiatuba (SP).

foto: divulgação