Cidades

Aumentar produção nacional de vacinas contra Covid em 75% pode reduzir mortes em até 57%, diz Unicamp

Um estudo conduzido pelo Instituto de Matemática, Estatística e Computação Científica (IMECC) da Unicamp, em Campinas (SP), apontou uma redução de até 57% no número de óbitos causados pela Covid-19 caso fossem produzidas e distribuídas 630 mil vacinas por dia no Brasil. A análise considerou a vacinação no período de 200 a 250 dias, durante pico da pandemia.

À frente da pesquisa, o pós-doutorando Thomas Vilches partiu da estimativa de produção atual, que chega a 360 mil vacinas diárias, para realizar a projeção. Para atingir 0,3% da população brasileira, com as 630 mil doses, o aumento na produção precisa ser de 75% o quanto antes.

” A ideia dessa pesquisa é mostrar que vacina boa é a que esta disponível. Se a gente tem uma vacina que a gente consegue produzir  aqui e tem possibilidade para vacinar, a gente consegue atingir valores muito bons de redução [ de motes]”, explicou Thomas. 

Com o Instituto Butantan produzindo a CoronaVac e a Fiocruz fabricando a Covidshield, em parceria com a Astrazeneca, o número de mortes por coronavírus ainda poderia ser reduzido em até 74% se os fabricantes conseguirem atingir o patamar de 1,2 milhão de doses por dia.

“Se conseguisse dobrar para 0,6% da população, a gente teria uma redução boa até 74%. E se pensar num longo prazo, poderia passar de 80% tranquilamente. Seria o caso de pessoas já vacinadas e vem outra onda, e a gente tem proteção para as comunidades.”, explica.

Impactos da CoronaVac e da Covidshield

 

O pesquisador disse que a proposta do estudo surgiu quando as pessoas começaram a questionar a eficácia de 50,3% da CoronaVac, que se refere à eficácia global – mas a vacina garante 100% de proteção contra sintomas severos.

De acordo com Vilches, as características já conhecidas das duas vacinas foram verificadas quanto a eficácia e a capacidade de proteção contra sintomas mais graves.

A projeção de redução de mortes com a CoronaVac é de 45,3% no atual pico epidêmico. Já a produzida pela Astrazeneca, em parceria com a Universidade de Oxford, contribuiria para 57% de redução de vítimas.

Caso as fabricantes consigam dobrar a velocidade de produção, os índices saltariam para 65,7% com a CoronaVac e 74% com a Covidshield.

” Eu acho totalmente factível que a gente atinja o percentual, considerando que a projeção da capacidade da produção das duas vacinas combinadas passa tranquilamente de 1,2 milhão de doses. A gente tem essa capacidade. E é importante a gente ter isso em mente no sentido de ter uma pressão, um foco, em conseguir essas vacinas”.

Vacina AstraZeneca é produzida em parceria com a Fundação Fiocruz — Foto: AP Photo/Alessandra Tarantino

Vacina AstraZeneca é produzida em parceria com a Fundação Fiocruz — Foto: AP Photo/Alessandra Tarantino

Falta de insumos

 

Thomas Vilches explicou que, pelo Sistema Único de Saúde (SUS), é possível realizar a distribuição, mas a baixa produção atual é o que inviabiliza um maior número de doses disponibilizadas para a população.

Ele reiterou que, apesar dos centros de pesquisa terem afirmado a capacidade de produzir 1 milhão de doses por dia, a falta de materiais necessários atrasam o processo.

“O problema é que a gente tem uma demanda muito alta dois insumos pra vacina, o mundo inteiro quer isso. A finalização da compra da vacina, pelo menos, o sinal de interesse, talvez, deveria ter sido antes para haver uma organização.

Foto: Heudes Regis/SEI