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Avô faz transformação em Maverick que leva o nome do neto: ‘Uma paixão’

Uma Maverick comprada em dezembro de 1983 e personalizada dos pneus aos espelhos recebeu o nome do primeiro neto do aposentado Wivaldo Alves, de Sorocaba (SP).

A Maverick de 1977 atualmente é vermelha, mas já teve a cor azul. Foram várias transformações em mais de três décadas. O avô, de 67 anos, tinha o sonho de homenagear os cinco netos com um carro único, mas apenas o modelo com motor V8 foi concretizado.

Quando as reformas começaram, em 1984, foi comprada uma miniatura de um Dodge Americano como referência para frente do carro. Tempo depois, ele também adquiriu o Dodge em tamanho real e cortou a frente para colocar no Maverick.

“Eu já perdi a conta de tantos Maverick que eu tive. Eu comprava e vendia, mas esse foi o único carro que eu fiquei, e não vendo por dinheiro nenhum. Faz parte da minha família, me identifiquei com ele, é uma paixão.”

Maverick na cor original — Foto: Arquivo pessoal

                   Maverick na cor original 

Wivaldo era tão apaixonado por carro que os guardava no fundo da casa, tendo que passá-los por cima de uma piscina. De 1983 a 2015, foram mais de 18 Mavericks.

O avô não trabalhava sozinho e Renzo, na época com 5 anos, ajudava a pegar algumas pequenas ferramentas e lixar. Atividades que uniram os dois, segundo o avô. Wivaldo trabalhou em um açougue por 48 anos e nas horas vagas ele mexia com carros. O hobby de “mecânico” era uma espécie de válvula de escape do estresse diário.

Maverick Renzo nas primeiras transformações — Foto: Arquivo pessoal

            Maverick Renzo nas primeiras transformações 

Foram muitas modificações, mas nunca ficaram como esperado, até que ele mesmo resolveu fazer as peças do carro. Em 2010, durante a quarta reforma, Wivaldo descobriu um câncer e teve que passar por um tratamento.

“Uma doença faz com que todos os seus planos mudem, você começa a ver que os conceitos da vida são outros. Foi quando decidi parar de pegar carros, vendi todos que eu tinha e me dediquei ao Maverick.”

“Fui mexendo e construindo o carro, fiz todas as peças e arrumei apenas um funileiro para dar o acabamento.”

Maverick depois da quarta transformação — Foto: Arquivo pessoal

       Maverick depois da quarta transformação 

A Maverick ficou com uma traseira parecida com a do Mustang e alguns detalhes da lateral lembram o Camaro, segundo ele.

“Ninguém dava valor para esses carros, muitas me paravam e falavam que eu estava estragando o carro, que eu era doido, então resolvi transformá-lo, para ser único.”

Os valores investidos no carro são incalculáveis, foram muitas modificações, que deixaram o veículo diferente de outros.

“Já tive ofertas altas pelo carro, eu até poderia comprar um novo, mas não vendo por nada, ele é exclusivo e tem um valor sentimental”, conta.

Perrengue

 

O Maverick Renzo tem muitas histórias e já participou de exposições e rodou pelas estradas a fora. Já foi para Barra Bonita, São Paulo, entre outras cidades. Por mais de oito anos, foi usado pela esposa para levar os filhos à escola, sempre chamando a atenção de todos.

Motor V8 original — Foto: Arquivo pessoal

              Motor V8 original 

“O carro vai para qualquer lugar, é só ter dinheiro para gasolina, porque ele gasta mais parado do que andando, ele costuma fazer quatro litros por quilômetro”, brinca o dono do carro.

Segundo ele, não é qualquer pessoa que pode dirigir, por ser um carro com muita potência. Se acelerar muito, ele joga a traseira, com isso tem que se adaptar, pois pode ser perigoso para quem não sabe mexer.

 

Futuro da Maverick

 

Renzo Ferreira Alves, atualmente está com 19 anos e, de acordo com o avô, assim que ele tirar a carta poderá dirigir o carro. O veículo foi passado no nome da mãe de Renzo, para ela decidir o que fará no futuro.

“Ele é bem tímido, hoje não acompanha muito, mas gosta do carro”, conta.

Carro após a quarta transformação — Foto: Arquivo pessoal

          Carro após a quarta transformação 

Ele conta que não pretende modificar mais nada. “Hoje, para mexer com o carro fica muito caro, principalmente a parte de funilaria, porque se tiver um problema no para-lama, não tem como trocar a peça inteira, tem que fazer tudo a mão”, explica.

A beleza do carro faz com que muitas pessoas peçam para dar uma volta, ver motor, ver como é dentro.

“As pessoas me param para pedir que eu leve noivas aos casamentos, oferecem dinheiro, mas infelizmente digo não, porque vai que de repente o carro para na rua, o que vou fazer.”

Mesmo o veículo estando em nome da mãe de Renzo, a Maverick permanece com o avô.

 

Com informações: G1 Sorocaba e Jundiaí 

 

Foto: Arquivo/Pessoal