Brasil registrou 65 mil casos de interrupção na distribuição de energia provocados por fogo em 2024

A frequência e a intensidade dos eventos climáticos extremos impactam diretamente a infraestrutura da rede elétrica. Em 2024, o ano mais quente já registrado no planeta e que foi marcado por uma seca recorde em boa parte do Brasil, foram registradas mais de 65 mil ocorrências emergenciais de incêndios que atingiram a rede de distribuição de energia elétrica, provocando o desligamento do fornecimento de energia a clientes em todo o país. O número marca um aumento de 38% sobre o registrado em 2023. Naquele ano foram 47 mil casos de interrupções provocadas por fogo. Em 2020, foram 26 mil casos, ou seja, em quatro anos o número de ocorrências mais do que triplicou. Os dados são de um levantamento feito pela Abradee a partir de informações da Agência Nacional de Energia Elétrica, a Aneel.
O aumento das ocorrências reflete a frequência maior de eventos climáticos extremos, sobretudo as secas prolongadas registradas nos últimos anos. Agora, com a chegada do inverno e a volta da estação seca crescem os riscos para a rede elétrica. Tudo porque a baixa umidade oferece condições propícias às queimadas e a ação dos ventos em períodos de baixa umidade pode contribuir para propagar as chamas, agravando os riscos para linhas de distribuição e transmissão de energia. No terceiro trimestre do ano de 2024, que marca o ápice da estação seca em grande parte do Brasil, de julho a setembro, foram registradas mais de 19 mil interrupções.
Chegada da estação seca aumenta o risco para a rede elétrica, diz Abradee
“A cada ano estamos vendo no setor um aumento do número de casos de interrupções no fornecimento de energia causado por queimadas. Esse cenário mostra que o impacto dos eventos climáticos, como as secas prolongadas, tem crescido sobre o segmento de distribuição de energia e sobre a vida das pessoas”, diz Marcos Madureira, presidente da Abradee. “A situação deve se agravar com a chegada da estação seca, por isso é essencial que as pessoas tenham cuidado para não gerar focos de incêndio na vegetação, que não soltem balões, não façam fogueiras, não lancem pontas de cigarros acesas nas estradas e não usem o fogo para limpeza de terrenos. E sempre que identificarem focos de incêndio, liguem para os telefones do Corpo de Bombeiros ou para a distribuidora de energia elétrica da sua região. Essas são medidas que fazem toda a diferença”, alerta Madureira.
De 2020 até o final de 2024, segundo o levantamento da Abradee, mais de 21 milhões de unidades consumidoras foram afetadas diretamente com o corte no fornecimento de energia elétrica causado pela ameaça do fogo à rede elétrica.
Distribuidoras atuam com tecnologia, prevenção e campanhas de alerta à população
Para prevenir as queimadas e mitigar os impactos do fogo, as distribuidoras de energia estão recorrendo à tecnologia para rastrear riscos de incêndio, com drones e helicópteros, sensores térmicos e monitoramento para identificar áreas de maior risco. Os recursos permitem encontrar ameaças antes mesmo que as equipes de bombeiros e defesa civil e permitem a prevenção, com limpeza mais eficiente de faixas de domínio das redes elétricas, evitando que vegetação seca seja deixada como combustível para o fogo.
Parcerias com serviços de meteorologia e órgãos públicos, como o Corpo de Bombeiros, também são essenciais para auxiliar a identificar riscos e combater os focos de incêndio, permitindo respostas mais rápidas para prevenir e combater incêndios.
Com informações: Ascom Rodrigo Leitão