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Cabrini fala sobre jornalismo, fake news e novo livro

HUGO ANTONELI JUNIOR

Bem humorado e usando, como de praxe, as palavras certas no momento certo, o jornalista Roberto Cabrini, de 58 anos, palestrou por cerca de uma hora e meia na faculdade Unimax na noite de quarta-feira (20). O evento fez parte do lançamento do livro “No Rastro da Notícia”, que ele lançou pela Editora Planeta. O evento foi organizado pela ONG Um Milhão de Amigos.

Além de falar sobre a profissão, o apresentador do SBT exibiu um vídeo com os principais fatos que cobriu, como seis guerras, os sequestros que ele sofreu de radicais islâmicos e das Farc, na Colômbia, a morte de Ayrton Senna e as histórias entrevistas com Fernandinho Beiramar, PC Farias e Fernando Collor de Melo. Ao final do evento ele autografou livros, tirou foto e bateu um papo com o Comando Notícia.

Comando Notícia: Qual é a importância de um evento como este?

Roberto Cabrini: Eu acho fundamental, primeiro porque eu passo uma experiência, porque além de passar experiência eu recebo muitas histórias muitas experiências. Então, esse tipo de interação, essa sintonia com as pessoas, para mim, é vital. Eu gosto muito dessas palestras. Gosto de falar sobre os princípios da profissão, sobre os caminhos. Eu me sinto profundamente enriquecido por este tipo de oportunidade e também procuro passar tudo aquilo que eu aprendi. São oportunidades que eu curto muito estar presentes.

CN: Como é fazer jornalismo em um momento de tanto ódio?

RC: É um momento delicado, de muita polarização e de jornalismo polarizado. São muitos exemplos. Mas eu acho que a gente vai completar essa travessia, a gente vai chegar do outro lado. Num momento em que amigos se distanciam por ter pensamentos políticos divergentes. Mas eu acho que o jornalismo tem uma missão a ser cumprida nisso. E essa fase, que na minha opinião, é emburrecedora, de polarização, eventualmente via ser vencida, porque a gente precisa discutir os verdadeiros problemas do país. Continuamos com 13 milhões de desempregados, continuamos com metade da população sem saneamento básico, continuamos carente de educação, continuamos com um país com 20 milhões de analfabetos, tem questões centrais a serem resolvidas e essa polarização não acrescenta absolutamente nada. A gente precisa de decisões de sabedoria. Decisões que unam o país e não o distanciam.

CN: Internet mais ajuda ou mais atrapalha?

RC: A internet mais ajuda. Ela democratiza a informação. Claro que ela traz algumas distorções, fake news. Ao mesmo tempo ela democratiza e dá a oportunidade a todos. Vejo muito mais aspectos positivos do que negativos.

CN: As grandes reportagens estão em extinção?

RC: Sempre haverá espaço para grandes contadores de histórias. Uma grande história não se mede pela extensão dela, mas pela profundidade, capacidade que ela tem de tocar a consciência das pessoas, eu acho que sempre vai haver uma demanda por contadores de histórias e, exatamente por haver uma demanda, eles sempre vão existir.

CN: Deixe um recado para quem está na área.

RC: Nós vivemos mediante sentimentos que não podem jamais desaparecer iniciativa, inquietação, determinação. E tendo isso, tudo vem junto, tudo dá certo.

fotos: Derli/TV Indaiatuba