HUGO ANTONELI JUNIOR
INDAIATUBA – Líder da oposição e vereador que mais apresentou projetos neste ano, Alexandre Peres (SD) concedeu uma entrevista exclusiva ao Comando Notícia falando sobre a atuação no primeiro ano como legislador na cidade. Na série de balanços políticos, o CN falou com o presidente da casa, Hélio Ribeiro (PSB), e trará avaliações de nove dos 12 vereadores de Indaiatuba, pois três, Figura (PP), Massao (DEM) e Chiaparine (PMDB) não responderam.
Peres reclama que apesar de ter apresentados vários projetos, muitos foram rejeitados e nem chegaram a ir para votação. “Vários eram muito bons dentro a alçada de um vereador, mas foram rejeitados na presidência e alguns pelas comissões. Todos, sem exceção, serão apresentados no ano que vem. Como líder da oposição, meu grupo e eu tivemos muitos projetos e proposições rejeitados por motivos políticos. Além disso, votamos contra em alguns projetos do Executivo que não consideramos aplicáveis e, em parte deles, fomos vencidos por 9 a 3”, avalia.
Como os cinco “melhores projetos” que apresentou, Peres lista os seguintes: “Sem dúvida nenhuma o principal foi a Lei que dá transparência para a Fila da Saúde em Indaiatuba, de usuários do SUS; qualquer cidadão pode consultar no site e ver em qual lugar está na fila para fazer consulta, procedimentos e cirurgia. Basta entrar no site e digitar o número do SUS. Em segundo, tem o Projeto de Lei Ficha Limpa, que apresentei em agosto e ainda não foi para o Plenário para ser votado. O projeto veda a nomeação de qualquer cargo comissionado de pessoas que tenham condenação em situações previstas pela legislação eleitoral. É um projeto moralizador, que defende a ética, transparência e honestidade na esfera pública”, avalia.
Os outros três, segundo ele, são: o projeto que obriga ter um profissional de enfermagem disponível nas creches municipais. “É outro que julgo de extrema relevância, inclusive tivemos o caso do menino de 10 anos que morreu em Campinas em setembro último, vítima de um engasgo que sofreu durante uma excursão. Diariamente professores, monitores, coordenadores e diretores de escolas vêm-se em situações assim. Se as escolas particulares possuem profissional de enfermagem, porque na pública não temos? Esse é um projeto que voltarei a defender com muita convicção”, justifica.
“Consegui expandir o atendimento prioritário em nossa cidade, com um Projeto de Lei que foi aprovado por unanimidade. Idosos com mais de 80 passam a ter preferência aos demais, com mais de 60 anos. Lactantes e pessoas com deficiência mental e física também. Antes o PL não entrava nesses níveis de detalhes”, diz.
Por último, ele lista a lei que obrigará a empresa de serviços de transporte público a informar, através de um aplicativo de celular, qual é o horário previsto dos ônibus em cada linha, e se está atrasado ou não. “O transporte coletivo em nossa cidade já melhorou, mas precisa melhorar mais, inclusive com mais usuários, para melhorar a mobilidade urbana e diminuir muitos pacientes do sistema de saúde que são vítimas do trânsito (principalmente motociclistas). Outro projeto que fiz nesse sentido obriga os veículos a terem wi-fi. São pequenas ações que, juntas, poderão melhorar esse relevante item na nossa cidade”, afirma.
Erros e pedidos da população
A votação no começo do ano que reajustaria os salários dos vereadores é considerada por ele como um erro. “Meu maior erro foi votar a favor. Aprendi muito com o episódio, que foi de extremo desgaste. Embora seja um reajuste previsto na lei (e os supostos prejudicados poderão reivindicar isso no futuro, na justiça) o momento não era para aquilo. Reconheci, logo em seguida, que errei. O custo do aprendizado foi alto”, diz.
Muitas pessoas ainda continuam indo aos gabinetes para fazer pedidos que não competem ao vereador fazer, de acordo com a avaliação de Peres. “Não podemos fazer qualquer tipo de lei. Se olharmos a história das Câmaras, vê-se que cada vez mais elas perderam e perdem poder e muitos gabinetes são apenas extensão do Executivo. Isso não é só aqui em Indaiatuba. Há muitos cidadãos pedindo emprego e privilégios no momento de receber serviços públicos. Muitos querem aquele “jeitinho” para ser beneficiado. Isso só prejudica a democracia, e demonstra o quanto nosso sistema educacional está frágil”, opina.
E justifica. “Grande parte da população não conhece que o vereador da oposição não tem a máquina pública para fazer favorezinhos. Muitos julgam que temos verba no gabinete para patrocínios diversos”, prossegue, afirmando que a oposição se fortaleceu. “Está mais coesa. Não que seja fácil. É uma realidade onde estão três vereadores da oposição e 9 da situação.”
Ser candidato, mais vereadores e necessidades da cidade
Peres afirma que não será candidato no ano que vem. “Vou apoiar o Bruno Ganem (Podemos) para deputado”, diz. Sobre a Câmara ter mais vereadores, não opina. “Não é hora de discutir isso. Podemos ter melhorias na representatividade, mas a crise deixaria o diálogo e análises truncadas”, analisa.
Para 2018, o vereador cita as áreas que pretende priorizar e necessidades de Indaiatuba. “Saúde, Educação e Meio Ambiente são prioridades. Mas todas as áreas são relevantes. Pretendo, o ano que vem, apresentar proposições relacionadas à todos os objetivos da Agenda 2030 da ONU”, revela.
“Pela quantidade e características das demandas que recebo em meu gabinete, Indaiatuba precisaria oferecer mais vagas de emprego, melhorar o sistema de saúde e da educação e isso não acontece sem melhorar as condições de trabalho dos funcionários públicos. Outra área que é muito criticada é o trânsito. Todos os dias há cidadãos solicitando que se coloquem ou que se retirem lombadas, semáforos, sinalizações e estacionamento. Mas tudo isso advém de um crescimento urbano sem planejamento. Todos os bairros, condomínios e residenciais novos, reclamam da ausência de serviços básicos, mas básicos mesmo, como iluminação pública, coleta de lixo e transporte”, analisa.
Encerrando a entrevista, Peres critica o governo e os atrasos. ” Tivemos uma conquista inédita este ano que foi a redução de um aditivo em obra pública, da rodoviária. Através de mecanismo de fiscalização, solicitamos a planilha de custos da obras, notificamos não-conformidades e o valor do aditivo diminuiu, gerando uma economia para a cidade. A maior parte das obras que iniciaram no governo anterior estão atrasadas. É provável que muitas delas sejam passíveis de aditivos de prazo e de custos em 2018. Estaremos atentos em cada detalhe aditivado.”
fotos: arquivo/Comando Notícia/Câmara