Campinas confirma mais 2 mortes por febre maculosa e alerta para alta chance de infecção: ‘Entre febre e óbito, são 6 a 8 dias’
A Secretaria de Saúde de Campinas (SP) confirmou nesta quinta-feira (21) mais duas mortes provocadas por febre maculosa este ano na cidade. São cinco casos positivos da doença e três óbitos registrados, o que acende um alerta para a alta chance de infecção da doença transmitida pelo carrapato-estrela nesta época do ano.
Médica veterinária da Vigilância em Saúde da prefeitura, Tosca de Lucca disse que o período atual – início em maio e vai até outubro – é o de maior prevalência do carrapato na fase de ninfa, quando é vermelho. É neste estágio que o aracnídeo é mais ávido quanto ao parasitismo e mais competente para a transmissão da bactéria.
“Ele é bastante ávido pelo parasitismo, e apresenta mais chances de transmitir a bactéria para o ser humano. Todas as fases – micuim, vermelhinho e o adulto – podem transmitir, mas a ninfa tem maior potencial para a transmissão.”
Não há vacina para prevenir a doença, mas há antibiótico em todas as unidades de saúde para as pessoas com sintomas, incluindo crianças e idosos. A febre junto a outros sintomas deve ser comunicada o quanto antes nas unidades de saúde.
“A gente percebe muitas vezes que a pessoa leva 2 a 3 dias para buscar atendimento. Quando busca, já é tarde. Entre a febre e o óbito, são 6 a 8 dias. Quando começa a tratar no 4º dia, a chance é óbito aumenta muito. Teve a febre, já procure a unidade de saúde. Não se automedique, porque isso atrasa o diagnóstico”, alerta.
Casos e mortes
O primeiro caso do ano foi confirmado em maio, um militar do Exército que tinha 18 anos e foi infectado na Fazenda Chapadão, região Norte da metrópole. Ele morreu no dia 24 de abril.
Os quatro últimos casos foram confirmados nesta semana. Os locais de provável infecção foram os distritos de Sousas (Leste) e Barão Geraldo (Norte)
Pacientes que morreram
- Homem, 30 anos: início dos sintomas em 18 de junho e morreu em 26 de junho. Infectado, provavelmente, em Barão Geraldo.
- Homem, 66 anos: início dos sintomas em 24 de junho e morreu em 30 de junho. Infectado, provavelmente, em Sousas.
- Homem, 18 anos: morreu em 24 de abril (primeiro caso)
Outros pacientes infectados
- Homem, 43 anos: início de sintomas em 27 de maio. Infectado, provavelmente, em Sousas.
- Homem, 27 anos: primeiros sintomas em 3 de junho. . Infectado, provavelmente, em Sousas.
Carrapato-estrela e micuim transmitem febre maculosa — Foto: Reprodução
Transmissão e sintomas
As áreas de transmissão são próximas a rios, córregos, onde ficam populações de capivaras e cavalos. Mas Tosca alerta que animais menores, como gambás e ouriços, são hospedeiros secundários do carrapato-estrela e podem chegar mais perto dos humanos.
Os sintomas podem aparecer em até 15 dias após a pessoa ser picada – e muitas vezes ela pode não perceber, pois quando a coceira aparece, o carrapato já se soltou da pele.
Além da febre, os sintomas associados são: dor no corpo, dor de cabeça, prostração, náusea, diarreia e vomito. Na presença de febre e ao menos um dos outros sintomas, a pessoa deve procurar um atendimento médico.
Dados dos últimos anos
- 2022: 5 casos, 3 mortes
- 2021: 11 casos, 5 mortes
- 2020: 7 casos, 5 mortes
Capacitação para saber diagnosticar
A prefeitura informou que equipes de profissionais de saúde estão sendo capacitadas pelo Departamento de Vigilância em Saúde (Devisa) para diagnosticar corretamente a doença.
“Informamos que eles investiguem o deslocamento do paciente nas duas últimas semanas, para saber se passou por área verde sujeita a carrapato. Já é motivo para suspeitar e tratar como febre maculosa.”
Os meses mais frios e secos, que consistem no período de estiagem, são os de maior transmissibilidade da febre maculosa, e o treinamento é frequente todos os anos, informou Tosca. Os locais de risco na cidade são sinalizados por placas, repostas em vistorias da Vigilância.
Com informações de G1 Campinas