Câncer de mama já é o tipo mais comum no mundo e situação é preocupante do Brasil – Comando Notícia
Cidades

Câncer de mama já é o tipo mais comum no mundo e situação é preocupante do Brasil

Mamamovel

Nas últimas duas décadas, o câncer de pulmão foi o tipo mais comum da doença. Mas, no início de fevereiro, a Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou que o câncer de mama o ultrapassou. O câncer colorretal continua ocupando a terceira posição. Somente no Brasil, as mais recentes estimativas do Instituto Nacional do Câncer (INCA) apontam o surgimento de mais de 66 mil novos casos da enfermidade por ano até 2022.

  • Museu da água

Andre Ilbawi, especialista em câncer da OMS, afirmou em entrevista coletiva na sede da Organização das Nações Unidas (ONU) que “pela primeira vez, o câncer de mama constitui agora o câncer de ocorrência mais comum em todo o globo.” Segundo a Agência Brasil, Ilbawi também afirmou que a pandemia do coronavírus está prejudicando o tratamento de câncer em cerca de metade dos países analisados.

No Brasil, a Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama (FEMAMA) alerta para um cenário bastante preocupante, tanto no sistema público quanto privado de saúde por descaso das autoridades, além da pandemia. A entidade é referência sobre o assunto no país, tendo sido responsável por trazer o Outubro Rosa de forma organizada para o Brasil, participar ativamente de conquistas no Legislativo, como a Lei dos 30 Dias e a Lei dos 60 Dias, além de participar de grupos de atuação para controle do câncer em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul e internacionalmente.

Fora do Brasil, a FEMAMA atua em parceria com a OMS, por exemplo, sendo parte da Iniciativa Global do Câncer de Mama (GBCI) que, no dia 8 de março – Dia Internacional da Mulher – realizou um evento aberto com o tema “Ouvindo as vozes de mulheres com câncer de mama”. Neste evento, a Dra. Maira Caleffi, mastologista e presidente voluntária da FEMAMA, será uma das palestrantes na mesa redonda “Papel das ONGs e sociedade civil”, às 11h45 (horário de Brasília), reforçando a atuação global ativa da entidade.

Pacientes de plano de saúde sem atenção

No fim de 2020, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), responsável pela regulação do setor de planos de saúde no Brasil, abriu uma consulta pública para ouvir a sociedade civil sobre a incorporação de novas tecnologias no Rol de Procedimentos e Eventos em Saúde que, em termos práticos, garante o que os planos de saúde precisam cobrir, obrigatoriamente, no que se refere a exames, procedimentos, remédios, tratamentos, intervenções e tecnologias.

Para o câncer de mama, o rol – que estava defasado para a doença por mais de 20 anos – continha cinco tecnologias (sendo três quimioterápicos orais e dois testes genéticos) e apenas uma delas tinha recomendação prévia da ANS para inclusão. Na consulta, a população votou pela inclusão de todas, mas, em seu relatório final, a ANS manteve a indicação de somente do medicamento ribociclibe, usado em pacientes com câncer de mama localmente avançado ou metastático HR+/HER2-. Depois de pressão de entidades, como a FEMAMA, a ANS reverteu a decisão preliminar e incluiu também o palbociclibe e abemaciclibe no novo Rol, que entra em vigor no início de abril.

A não-incorporação do olaparibe para mama e do Teste de 21 Genes foi mantida. As razões dadas pela ANS, na maioria dos casos, são rasas e envolvem custos, não sendo valorizados os resultados na qualidade de vida do paciente. A sociedade não foi ouvida e, agora, o Teste de 21 Genes e o inibidor de PARP para pacientes metastáticos HER2- estão mais longe de serem acessíveis.

A FEMAMA e sua rede de associadas esperavam que, após ouvir a sociedade e nesse cenário onde o câncer de mama é o tipo mais comum, todas as decisões preliminares fossem revertidas em favor dos pacientes, mas não foi o que aconteceu. Em um cenário de pandemia, seria uma decisão também de segurança contra a Covid-19, visto que todos os medicamentos são de uso oral e podem ser utilizados na casa dos pacientes, sem necessidade de deslocamento ao hospital, reduzindo as chances de infecção.

Imagine no SUS…

E se a situação no sistema privado de saúde – que atende 25% da população – não é favorável, imagine no Sistema Único de Saúde (SUS), que atende a parcela da população que depende do sistema público e das decisões do Governo Federal. Os trâmites para a incorporação no SUS de algumas dessas tecnologias deve começar em março. A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec) já abriu inscrições e divulgou orientações para pacientes participarem das chamadas públicas que pretendem avaliar a cobertura das três medicações incorporadas ao Rol da ANS.

Desde junho de 2020, a FEMAMA critica a atuação sem coordenação do Ministério da Saúde em relação ao câncer durante a pandemia e espera que seus questionamentos sejam ouvidos. Mas, mais de oito meses depois, o assunto não avançou; pacientes oncológicos – mesmo os que estão em tratamento – não foram incluídos nem no grupo prioritário nos planos de vacinação.

“A FEMAMA e suas 70 ONGs associadas continuarão trabalhando em prol dos pacientes com câncer – seja do sistema público ou privado – para que sejam ouvidos pelas autoridades e órgãos responsáveis, que continuam demonstrando pouca responsabilidade”, afirma Caleffi.

Fonte: Edelman Assessoria de Imprensa

Foto:divulgação