Cannabis medicinal na dermatologia- do tratamento de doenças de pele a cuidados estéticos avançados
É notável a crescente aceitação da cannabis medicinal. De acordo com o último levantamento feito pela Kaya Mind, startup brasileira especializada em dados e inteligência, já são aproximadamente 420 mil pacientes no Brasil. Esse é um reflexo da busca por alternativas terapêuticas para melhorar a qualidade de vida em diversas condições médicas, inclusive na área da dermatologia.
Por conta de seus compostos ativos, a cannabis medicinal tem demonstrado benefícios significativos quando aplicada topicamente na pele. Isso porque o canabidiol, um dos principais canabinoides presentes na planta, possui propriedades importantes, como ação anti-inflamatória, antioxidante e analgésica. De acordo com a dermatologista Maria Júlia Cunha, médica da Gravital de São Paulo, clínica focada em tratamentos à base de cannabis, já há evidências de uso da cannabis para doenças inflamatórias diversas, como dermatites, psoríase e acne. “Há também grande potencial de tratamento inicial especialmente nas doenças com forte componente etiológico neural, como os pruridos e hiperidrose”, explica ela. Os benefícios potenciais da cannabis na pele incluem ainda controle da produção de sebo, alívio de coceira e irritações, cicatrização de feridas, além de hidratação intensa.
Sistema endocanabinoide e sua ação na dermatologia
Isso é possível por conta do sistema endocanabinoide, que desempenha um importante papel na regulação de funções como resposta imunológica e inflamação. Por isso, quando aplicado na pele, o CBD interage com os receptores do sistema endocanabinoide localizados na derme, epiderme e anexos cutâneos. “A modulação da atividade do sistema endocanabinoide pode influenciar vários tipos de doenças, como dermatite atópica, psoríase, coceiras, acne e tumores de pele”, afirma a médica. Dessa forma, segundo ela, o tratamento com cannabis medicinal na dermatologia é promissor não somente frente às doenças de origem inflamatória, como também tumorais.
Dra. Maria Julia enfatiza ainda que as situações mais recorrentes em seu consultório são as doenças inflamatórias, em especial a psoríase. Ela ainda afirma que as respostas aos tratamentos têm sido bastante satisfatórias. “Acredito que exista uma importante demanda reprimida de pacientes que poderiam se beneficiar do tratamento, mas que por desconhecimento da etiologia e possível resposta à cannabis, não procuram tratamentos de cannabis na dermatologia”, afirma.
Cuidados estéticos
A ação antioxidante da cannabis tem sido utilizada até mesmo para fins estéticos, já que isso significa que ela pode ajudar a neutralizar os radicais livres responsáveis pelo envelhecimento da pele e danos causados pelo ambiente. “Vários produtos para cuidados do tipo skincare já estão disponíveis no mercado, especialmente acreditando-se em seu potencial anti-inflamatório e, portanto, também antioxidante. Alguns exemplos são sabonete, água micelar, hidratante e gloss. Os produtos em sua maioria são de qualidade e, além disso, as empresas que os produzem estão atentas a critérios de sustentabilidade e proteção ao meio ambiente”, finaliza a médica.
Com informações: os 2 comunicação