HUGO ANTONELI JUNIOR
INDAIATUBA – O pequeno Davi nasceu no dia 24 de maio, no Hospital Augusto de Oliveira Camargo (Haoc), mas pode comemorar dois aniversários. Na quarta-feira (8) ele recebeu alta da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Neonatal depois de mais de cinco meses. É que Davi não nasceu sozinho em uma cesárea. Com ele foram mais duas crianças, o observador Samuel e a agitada Heloísa.
A gestação de trigêmeos, caso muito raro sem tratamento de fertilização, aconteceu com o casal Alex Junior, de 26 anos, e Brenda Oliveira, de 25, moradores do Jardim do Vale. Eles já tinham o Nathan e a Nicoly, de 6 e 4 anos. Na hora de vir o terceiro, vieram logo três de uma vez e, ao invés de três, eles passaram a ter cinco filhos, formando uma grande família de sete integrantes.
Heloísa foi a primeira a sair do hospital, com menos de um mês. Depois foi a vez de Samuel ir para casa, mais de 40 dias depois. Por último Davi, que passou por problemas e teve até duas paradas cardíacas, se juntou à família nesta semana. “Tomei um susto. Nunca pensei em ter cinco filhos”, diz Brenda. A mãe que carregava três, mas quem passou mal foi o pai. “O médico perguntou se já tínhamos filhos, falou que era gêmeos e depois disse: ‘tem mais um, são três'”, contam.
“Quando a gente começou a namorar, falávamos em dois e, em uma época, até em três, mas cinco, não”, conta Junior. Os dois moravam em Indaiatuba e se mudaram para Arujá, mas voltaram no começo do ano por conta da gravidez. “Apesar dos empregos que tínhamos lá, não haveria estrutura para as crianças”, analisa Brenda.
Nomes
A escolha dos nomes, para o pai, deveria seguir a lógica da letra “N”, dos dois primeiros filhos: Nathan e Nicoly. “Por mim seria Noemi, Natanael, acho bonito”, defende-se. Mas a mãe o convenceu a usar as outras opções do alfabeto e calhou de o nome Davi cair com o mais guerreiro, assim como o personagem bíblico que foi rei de Israel e vencedor em diversas batalhas. “Somos evangélicos da igreja Canaã e é Deus que nos dá força”, afirmam.
Foi essa força que acreditam ter vindo dos céus que ajudou Davi a vencer duas paradas cardíacas sem nenhuma sequela. Ele ainda precisa de uma sonda, oxigênio e não tem som quando chora. “Teve uma complicação e, apesar de ele ter nascido chorando, hoje não sai mais som, mas os especialistas dizem que isso pode mudar e nós acreditamos, pedimos sempre força à Deus”, afirma Brenda.
Emprego e solidariedade
Os dois tinham emprego em Arujá e tiveram que sair para voltar à Indaiatuba. Brenda é técnica em farmácia e Junior, que trabalhou com logística, faz um curso na parte elétrica. “Estamos correndo atrás porque a família cresceu, mas as doações estão ajudando bastante”, diz Brenda.
Os pais delas ajudam o casal e as pessoas já doaram roupas e leite para as crianças. “Graças a Deus nunca precisamos comprar roupas porque as pessoas estão ajudando”, conta ela. Mas novas doações são bem vindas, inclusive do leite especial que Davi precisa ingerir diariamente, que custa quase R$ 100 a lata.
Sadin
A família recebeu na manhã desta sexta-feira (10) uma visita de três integrantes do Serviço de Atendimento Domiciliar de Indaiatuba (Sadin). Elas trouxeram mais uma lata do leite especial que conseguiram. De acordo com a Prefeitura, o Sadin foi implantado no município em 2013 e conta atualmente com duas equipes. Cada uma delas é composta por um enfermeiro e três técnicos de enfermagem.
Eles contam ainda com o suporte de três médicos e da equipe de matriciamento de apoio, integrada por fisioterapeutas, nutricionista, fonoaudiólogo, psicólogo e assistente social. O Sadin, ainda segundo a Prefeitura, é um serviço que integra o programa “Melhor em Casa”, do Governo Federal, e atende atualmente 90 pacientes.
Foto: Hugo Antoneli Junior/Comando Notícia