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Cirurgia refrativa pode frear epidemia de sobrepeso

O Brasil vive uma verdadeira epidemia de sobrepeso e obesidade. Dados do Vigitel (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico) pesquisa anual do Ministério da Saúde conduzida em todas as capitais e Distrito Federal mostram que em 2023 61% dos brasileiros tinham sobrepeso, sendo que 37% eram jovens entre 18 e 24 anos.

 

Não por acaso, o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto do Instituto Penido Burnier de Campinas, afirma que os prontuários de 460 jovens que em 2023 passaram pela cirurgia refrativa no hospital mostram que 1 em cada 5 queria se livrar dos óculos e do sedentarismo para perder peso.

 

O especialista comenta que de fato o sobrepeso é uma condição que está relacionada ao sedentarismo, alimentação incorreta e outros problemas de saúde que muitas vezes passam despercebidos. Em alguns esportes, entre eles o futebol, é proibido o uso de óculos em campo por uma questão de segurança, salienta. Pior: No Brasil cerca de 40% da população precisa usar óculos ou lente de contato e este número não para de crescer por causa do aumento da miopia. O procedimento é bastante seguro, tanto que uma metanálise da Cochrane concluiu que à cirurgia é mais seguro que usar lente de contato, assinala.

 

Técnicas cirúrgicas

Ainda assim antes de optar pela cirurgia Queiroz Neto afirma que é necessário levantar com um especialista o máximo de informações sobre o procedimento para tomar a decisão com segurança.   Hoje há três técnicas cirúrgicas para correção de baixos e moderados graus de erro de refração: Lasik, Intralase e o PRK.  Em todos é utilizado o Excimer laser que emite luz fria para moldar a córnea e eliminar o erro de refração, mas no Intralase o procedimento é feito com femtosegundo, laser ultrarrápido e preciso que torna o procedimento mais previsível.

No Lasik o cirurgião afirma que é feito  um flap na córnea, ou seja, corte com um aparelho chamado microcerato de uma ‘tampinha’ da córnea que recobre a pupila  seguida da   aplicação  do laser para corrigir o grau. No intralase todo o procedimento é realizado à laser e por isso a recuperação é mais rápida.

Tanto o Lasik como o Intralase só são indicadas  para pacientes que têm até 9 graus de miopia, dependendo da curvatura e da espessura da córnea. Por isso antes do procedimento são realizados exames que medem a espessura e formato da córnea, bem como uma avaliação geral da saúde ocular. Isso porque, doenças como o ceratocone, o glaucoma e olho seco severo são contraindicações na cirurgia refrativa.

Já o PRK é uma técnica que pode ser aplicada em córneas mais finas. Isso porque, no procedimento o cirurgião raspa com um bisturi as células do epitélio, camada externa da córnea para numa segunda etapa aplicar o laser que corrige o erro de refração. “Após a correção, colocamos uma lente de contato gelatinosa, que pode permanecer até 72 horas no local, para a completa recuperação do epitélio que tem alto poder de regeneração. Em muitos pacientes a recuperação ocorre em 48 horas” afirma. A recuperação nesta cirurgia, porém, é mais lenta do que nas outras duas técnicas.

Para que tem altos graus de erro refrativo a cirurgia refrativa é feita com implante de uma ICL, microlente que elimina o grau sem retirada de tecido da córnea. Se você está pensando que pode não se adaptar ao implante, Queiroz Neto informa que o procedimento é reversível, ou seja, pode ser retirado sem causar sequelas. Um dos pioneiros neste tipo de cirurgia, ele diz que não teve um único caso de explante da ICL. Não é por acaso. Você entra centro cirúrgico enxergando vultos e ao retirar o curativo no dia seguinte enxerga tudo nítido e brilhante. 

Riscos

Queiroz Neto afirma que o maior risco da cirurgia é ocorrer uma infecção. Em 98% dos pacientes o procedimento não tem intercorrências afirma.

“Fazemos uma série de exames antes de operar”, afirma. Tudo começa com a paquimetria e tomografia da córnea para checar pode pade ser submetida ao laser. Outros exames são a tonografia para verificar a pressão intraocular ea retinografia que checa a integridade da retina e de outras anomalias dentro do olho. “Só operamos os casos em que os =exames indicam que é seguro operar”, explica.

Uma das preocupações mais comuns em que está pensando em se submeter ao procedimento é o descolamento do flap, a camada de córnea que é parcialmente levantada na cirurgia.

“É muito raro descolar, precisa acontecer um trauma muito forte no olho, porém pode acontecer em qualquer época da vida, mesmo anos depois da cirurgia. Nos últimos 20 anos só vi dois casos, em pacientes que praticavam esportes radicais. Mas é necessário alertar aqueles que vão fazer a cirurgia”, conta Tranjan.

O maior risco da cirurgia é coçar os olhos no pós-operatório, porque pode colocar tudo a perder A dica em caso de coceira é usar compressas frias feitas com gaze e água fria Queiroz Neto ressalta que o uso dos colírios prescritos após a cirurgia também garantem a boa recuperação.  Outra recomendação médica é não entrar no mar ou frequentar a academia por 30 dias.

Dúvidas frequentes

Queiroz Neto afirma que uma dúvida frequente no consultório é se após a cirurgia refrativa os olhos ficam secos. Isso é verdade, mas geralmente em um ou dois meses a lubrificação dos olhos volta ao normal. Por isso neste período os cirurgiões recomendam o uso de colírio lubrificante.

Outra dúvida comum é se o grau pode voltar. Isso acontecia quando o cirurgia chegou ao Brasil e o  laser era pouco preciso. Queiroz Neto afirma que hoje dificilmente isso acontece. A cirurgia evoluiu muito nas últimas décadas e hoje o procedimento é totalmente personalizado e elimina inclusive pequenas imperfeições conhecidas como aberrações ópticas que influem na qualidade da visão. Por isso se você gostaria de abandonar os óculos e ter mais liberdade para praticar esportes se dê uma chance de enxergar um mundo melhor, finaliza.

Com informações: LDC Comunicação

Foto: Divulgação