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Comando Notícia terá a primeira repórter deficiente visual da história de Indaiatuba

HUGO ANTONELI JUNIOR

Indaiatuba (SP) terá a partir de domingo, dia 17, a primeira repórter com deficiência visual da história. Carol Borsato escreverá semanalmente para o Comando Notícia sobre os desafios da rotina de alguém que não enxerga. É a primeira vez que um veículo de imprensa da cidade abre espaço para o tema ser tratado por alguém que vive esta realidade na pele. A coluna aos domingos será um marco no quesito acessibilidade e voz para os deficientes visuais da cidade.

Indaiatuba tem, de acordo com a entidade Amigos dos Deficientes Visuais de Indaiatuba (ADVI), quase 2,5 mil pessoas deficientes visuais. Os dados são antigos, do IBGE de 2010, e não houve outros levantamentos locais após o censo. São cerca de duas mil pessoas subnormais, com 30% ou menos de capacidade de visão, e 499 sem nenhuma visão. E agora estas pessoas – e as não contabilizadas até o momento – terão uma representação na imprensa.

Carol nasceu em São Paulo e se mudou com a família (pais e dois irmãos) para o interior em 2000. Ela nasceu enxergando normalmente, mas foi diagnosticada com uma doença em que se perde gradativamente a capacidade de enxergar. “Mesmo assim eu fiz a escola regular na Fundação Dorina Nowill para Cegos, em São Paulo. Foi lá que eu fui alfabetizada em braile, comecei a ler meus primeiro livros e desenvolvi o gosto de escrever”, conta.

Ela participava dos concursos de redação da escola. “Cheguei a ficar em segundo lugar”, diz. “Atualmente estou fazendo a faculdade de letras – termino em 2019, antes fiz três anos de jornalismo, mas falta acessibilidade e a faculdade não se importava com os materiais, não seguia o livro e isso complicava. Apesar disso, consegui aprender muito”, afirma.

Por conta da falta de acessibilidade da instituição, ela mudou de faculdade, mas não tinha o curso de jornalismo, por isso ela preferiu ir para o curso de letras. “Gosto muito de escrever, escrevo muito, faço poesias, tenho um canal no YouTube que eu criei sozinha e escrevo poesias”, conta. A inspiração para escrever? Ágatha Christie, escritora britânica que ficou famosa por ser romancista policial. “O primeiro livro dela que li foi “Noite das Bruxas”. Porque eu me inspiro neste tipo de texto, com muita violência, não sei, mas isso me levou também à poesia.”

foto: arquivo pessoal