Cidades

Conexão São Paulo-Indaiatuba: a rotina de quem faz o itinerário diariamente

HUGO ANTONELI JUNIOR

INDAIATUBA – Trabalho é o principal motivo que leva os indaiatubanos à São Paulo diariamente. No dia do aniversário da capital do Estado e maior cidade do País, o Comando Notícia ouve a rotina de quem faz o trajeto diariamente, como é viver dois extremos (metrópole e interior) em um mesmo dia e se eles nunca pensaram em escolher entre uma e outra cidade, ou se o coração é grande o suficiente para caber as duas cidades juntas. Duas meninas criadas em Indaiatuba e que atualmente moram na capital foram o tema da nossa primeira matéria especial sobre o aniversário de 464 anos de São Paulo.

Todos os dias, Junior Faria, de 45 anos, morador da Vila Georgina, acorda por volta das 4h30, toma banho e toma uma café “para dar aquela acordada”. O fretado passa menos de uma hora depois. “Desço na Barra Funda e pego o metrô sentido Tatuapé. Estou nesta rotina há oito anos, trabalho nesta empresa há 16”, conta ao Comando Notícia.

Kátia Soares, de 50, moradora do Jardim Regente, tem que cuidar dos “filhos”. “É sempre a mesma rotina, cuido do cachorro e do gato, coloco o lixo na rua e dirijo até o ponto onde pego o fretado. Chegando à capital, ela conta que dá tempo de “passear” pela avenida Paulista. “Como saio antes, consigo ir até o ponto caminhando com uma amiga, ou posso ir de metrô”, revela. Um livro, uma pipoca e um barzinho são opções antes de voltar para Indaiatuba. No dia seguinte, tudo novamente.

O maior atrativo na capital, para Junior, é a vida noturna. “É onde tenho a maioria dos amigos e, por isso, é bom pegar um cinema após o expediente, ou até um happy hour. Apesar disso já pensei em me mudar para lá, mas não trocaria a qualidade de vida que tenho hoje só pelo fato de ter tudo em minha mão”, analisa.

O maior problema para Kátia é o tempo de sono. “Acabo dormindo muito pouco, em média quatro ou cinco horas no máximo. O cansaço vai pesando ao longo da semana”, diz. “Adoro Sampa, nasci lá, mas moro aqui, por isso fico aqui por ter tranquilidade e segurança.”

Bruna Silva, de 20, moradora do Jardim dos Amarais, não abre mão da tranquilidade do interior. “Não tenho a mínima vontade de morar em São Paulo. Acredito que seja melhor por aqui”, afirma. Se pudesse dar um presente para a cidade no aniversário, diz que seria “contribuir com meu respeito e admiração.”

Kátia colocaria em um presente para a cidade “uma faxina gigantesca e muita arte espalhada pelas ruas da cidade”. Júnior vai na mesma linha. “Um banho de civilização nas pessoas, pois há muito tempo se perdeu aquela velha educação do povo.  Somos a maior cidade da América Latina e apesar dos vários contrastes, temos muito o que aprender com as outras culturas.”

Sem título

Sorocaba

Um morador de outra cidade do interior, Sorocaba, também falou ao Comando Notícia sobre a rotina diária indo para São Paulo. “Já pensei em me mudar para lá, mas dependendo do lugar que você vai de lá, chega mais rápido saindo de Sorocaba, Campinas ou Indaiatuba”, conta Sander Gabaldi, morador do Jardim Brasilândia.

“Tenho companheiros de trabalho que moram 10 quilômetros perto do trabalho e eu chego antes à Sorocaba do que eles em casa lá na capital, porque precisam passar pela marginal. Mas o pessoal da capital pergunta muito sobre as origens da família e buscam paz quando falam do interior”, afirma. “São Paulo é uma cidade de muitos extremos. Tem partes muito nobres e partes muito feias, é muito triste, muita gente na rua.”

“Se eu pudesse dar um presente, pensei no trânsito, mas há um desnível social muito grande. Acho que pediria um pouco mais de igualdade, tem muita riqueza e muita pobreza, por isso mais pessoas da cidade merecem desfrutar disso.”

foto: divulgação