Confraria da Dança estreia o espetáculo Maria Celeste no Sesc Campinas com entrada gratuita
Vagueando com seu boizinho pelos terreiros do Brasil, pela mitologia e pelas estrelas do firmamento, a personagem Maria Celeste dá nome ao novo espetáculo da Confraria da Dança, com estreia no Espaço Arena do Sesc Campinas, no próximo dia 2 de julho, às 16h. A entrada é gratuita. A montagem reúne danças e histórias que festejam a força e a energia geradora encarnadas no bicho boi. A produção integra a programação do projeto “Colheitas”, promovido pelo Sesc Campinas, que contempla uma série de ações voltadas à cultura do mundo rural.
Maria Celeste tem dramaturgia e direção de Diane Ichimaru, que também assina figurinos e criação das máscaras e bonecos. Diane divide a cena com Marcelo Rodrigues nesta nova criação direcionada às crianças, dando continuidade a uma parceria de 27 anos. “Trata-se de uma obra autoral, que reforça as características do repertório da Confraria da Dança, trazendo elementos autobiográficos dos artistas, sobretudo suas lembranças da infância, permitindo a expansão da força dramatúrgica da dança que se desdobra em palavras, sonoridades e manipulação de bonecos e máscaras”, comenta Diane.
A concepção de todos os elementos de Maria Celeste é pautada pela simplicidade e o fazer artesanal. Figurinos e cenografia, ambos assinados e confeccionados por Diane Ichimaru, foram desenvolvidos integrando o processo de criação, entrelaçando estes fazeres à direção e criação coreográfica, opção que proporciona extrema independência dentro do desenvolvimento do processo, reforçando o caráter autoral da obra.
Panôs bordados e com aplicações de retalhos de tecidos, máscaras e objetos construídos com papietagem, integram a cena. Tantos brinquedos criados com carinho e detalhe pelas mãos de Diane ganham vida por meio dos corpos dos dois bailarinos, dançando histórias do boizinho. Peças antigas de madeira foram ressignificadas para guarnecer a cena, como a base de uma de cômoda e os pés de uma mesinha de madeira torneada, caixas de ferramentas e banquinhos rústicos de ordenha. Instrumentos de percussão ganham a dança e costuram as histórias.
A trilha musical original é composta pelo violeiro e multi-instrumentista João Arruda, recriando várias vertentes de manifestações populares, utilizando instrumentos da família das cordas, e claro que não podiam faltar as rabecas e suas violas caipiras. Na percussão, uma mistura de caixas, tambores, pandeiros e pandeirões animam as cenas com seu colorido rítmico.
A ideia
Em 1991, Diane Ichimaru concluía sua graduação em dança pelo Instituto de Artes da Unicamp. Seu trabalho de conclusão de curso foi o espetáculo Estrela Boieira, criado em parceria com Eloisa Domenici e dirigido por Graziela Rodrigues. Neste contexto surgiu Maria Celeste, a personagem modelada por Diane, síntese de sua história de vida e de seus anseios artísticos. Em 2016, Diane retoma esta personagem e passa a desenvolver um novo espetáculo, desta vez com dramaturgia e direção própria e parceria com Marcelo Rodrigues, trazendo sua Maria Celeste, agora como contadora de histórias de muitos bois.
Sobre a figura do boi na evolução da humanidade
Sobre o protagonismo do boi na nova criação, Marcelo destaca que a figura do boi se enlaça à humanidade desde os primórdios, parceria eternizada nas pinturas rupestres espalhadas pelos recôncavos de todo mundo. “Símbolo de força, fertilidade e resiliência, o bicho boi abraça múltiplas nuances, da fúria maior à mansidão servil. O animal se faz presente na evolução da humanidade oferecendo seu couro, sua carne, tripas, chifres, cascos e ossos; muito além de sinônimo de alimento, vestimenta e matéria-prima para ferramentas, o boi se mostra como grande companheiro do homem na labuta do cultivo da terra”, pontua.
Diane lembra ainda que nas mais distintas culturas, o arquétipo do touro acompanha os dramas ritualísticos de fertilidade. “Do boi Ápis do Egito aos sacrifícios de touros nos rituais dionisíacos, passando pelo touro sagrado da tradição hindu até chegar às festas agrárias latinas, os rituais dançantes de bois se espalharam pelo mundo e se desdobram até os dias de hoje. A brincadeira de provocar/fugir/dominar o boi carrega significados profundos na busca de dominar o próprio instinto, o lado animalesco e brutal que todo humano carrega em si. Medo, fascínio, respeito se mesclam nos brinquedos dos bois mascarados desembestados assustando e ao mesmo tempo alegrando a criançada. E lá vai o boi, sobreviver, resistir e festejar a vida!”, detalha.
Sobre a Confraria da Dança
A Confraria da Dança está sediada na cidade de Campinas/SP desde 1996 e acumula 27 anos de atividades relacionadas à pesquisa, criação e produção artística. Honrando o termo “confraria” – conjunto de pessoas que se associam tendo em vista interesses e objetivos comuns, realiza parcerias com artistas das áreas da dança, teatro, música e artes plásticas. Sua atuação artística ocorre, prioritariamente, fora da capital, seus projetos contemplam ações na própria cidade/sede e em outras cidades de pequeno e médio porte do interior do Estado de São Paulo, difundindo a dança através de atividades de formação e fruição artística, traçando um crescimento radial em seu campo de ação junto à comunidade, promovendo acessibilidade comunicacional e atingindo público leigo de todas as idades, estudantes de arte em processo de formação e artistas profissionais. A Confraria da Dança conquistou em seu percurso premiações da APCA, da FUNARTE/ MINC, Secretaria da Cultura do Governo do Estado de São Paulo, Cultura Inglesa, SESI SP, Itaú Cultural/Rumos Dança, entre outros.
Diane Ichimaru
Prêmio APCA 2009 na categoria criadora-intérprete em dança. Fundadora e integrante da Confraria da Dança. Iniciou carreira profissional em 1983. Graduada em dança pelo Instituto de Artes/UNICAMP. Bailarina, coreógrafa, dramaturga, diretora de cena e artista plástica, sua formação inclui dança clássica, moderna, contemporânea e danças brasileiras. Nas artes plásticas possui formação livre e experiência profissional em comunicação visual, ilustração, cenografia e figurino. Como criadora-intérprete teve fortes experiências sob a direção de Graziela Rodrigues, Edith White, Toni Cots, José Antonio Lima, Isabelle Dufau e João das Neves. Desenvolve seus projetos autorais junto à Confraria da Dança desde 1996, onde também concebe projetos de cenografia, figurino e criação gráfica. É criadora-intérprete dos espetáculos para o público infantil “Brinquedos e Inventos para Dançar”, “Mirabolante” e “Sem Fim”; para público adulto, os solos “Beneditas”, “Território Interno”, “Carta para não mandar ou Cantiga interrompida” e “Adverso”. Criou e interpretou em 2020 a convite do SESC Campinas a video-performance “Descompostura” para o Projeto Corpos em Quarentena; ainda em 2020 realizou live pelo SESC/SP #EmCasacomSESC com seu solo “Desatino”, obra que se desdobrou em espetáculo presencial estreado no SESC São José dos Campos em 2022. Em 2021 realizou a versão audiovisual do solo “Adverso” pelo Edital ProAC 4/2020 para ser veiculado pela plataforma #CulturaemCasa; estreou o vídeo-dança “Coração, Silêncio, Saudade” além de conceber e dirigir o espetáculo “Horizonte Submerso” estreado em formato audiovisual através do projeto “Confraria da Dança – 25 anos” / ProAC LAB 48/2020. Em 2023 estreou o espetáculo “Maria Celeste”.
Marcelo Rodrigues
Bailarino, iluminador e produtor artístico. Em sua formação influíram nomes como Klauss Vianna, Laura Gimenes, Sônia Motta, além dos mestres de folias do interior do estado. Foi assistente dos artistas plásticos Júlio Villani, Luis Hermano e de Ann Hamilton na 21ª Bienal Internacional de São Paulo em 1991. Foi bailarino do espetáculo IVRESSE – Bolsa Vitae/1995, sob direção de Isabelle Dufau e do Grupo de Danças Brasileiras “Saia Rodada”, sob direção do maranhense Tião Carvalho. Idealizou e integra juntamente a Diane Ichimaru a Confraria da Dança, onde ministra oficinas, produz espetáculos e desenvolve as próprias pesquisas e criações artísticas. Desenvolve desde 1996 estudos e prática em iluminação teatral, assinando os planos de luz dos espetáculos produzidos e criados pela Confraria da Dança. É criador-intérprete dos espetáculos “Relevo” (estreado pelo 10o Festival Cultura Inglesa), “Brinquedos e Inventos para Dançar”, “Mirabolante” e “Sem Fim”. Em 2020 realizou a filmagem da video-performance “Descompostura” para o Projeto Corpos em Quarentena do SESC Campinas; realizou a concepção e operação técnica de luz e som para a live veiculada pelo SESC/SP #EmCasacomSESC do solo “Desatino” de Diane Ichimaru. Realizou também a técnica e filmagem do vídeo-dança “Coração, Silêncio, Saudade” estreado pelo canal YouTube da Confraria da Dança. Em 2021 realizou o projeto de luz e operação técnica para a gravação de vídeo do solo “Adverso” pelo Edital ProAC 4/2020 veiculado na plataforma #CulturaemCasa; participou como criador-intérprete do espetáculo “Horizonte Submerso” estreado através do projeto “Confraria da Dança – 25 anos” / ProAC LAB 48/2020. Em 2023 estreou o espetáculo “Maria Celeste” em duo com Diane Ichimaru.
João Arruda
Cantador, tocador de violas e percussões, João é um trovador apaixonado pela cultura musical dos povos. Um artista comprometido com a valorização e recriação de temas e canções da cultura popular brasileira e da América Latina.
Nascido em Campinas, o artista e produtor musical inquieto tem dois CDs solo gravados e muitos outros em que atua como arranjador e produtor musical, além de compor trilhas sonoras para diversos espetáculos, filmes e documentários.
Ficha Técnica
Criadores-intérpretes | Diane Ichimaru e Marcelo Rodrigues
Direção artística e dramaturgia | Diane Ichimaru
Trilha musical original | João Arruda
Figurinos, bordados, máscaras, bonecos e adereços | Diane Ichimaru
Fotografia | Lucas Ichimaru
Comunicação | Boas Histórias Comunicação
Produção e realização | Confraria da Dança
Classificação indicativa| Livre
Duração do espetáculo | 50 minutos
Espetáculo Maria Celeste – Confraria da Dança
Estreia em Campinas
02/07/2023 • Domingo • 16h.
Local: Espaço Arena – SESC Campinas. Rua Dom José I, 270/333. Bonfim. Campinas. S/P. Telefone (19) 3737.1500.
Grátis – Retirada de ingressos limitados na Loja Sesc, no dia da atividade, a partir das 14h.
https://www.sescsp.org.br/programacao/maria-celeste-2/
Com informações: Boas Histórias Comunicação