Desempregado, casal se abriga em praça de Campinas e luta para voltar a trabalhar: ‘A gente vai vencer’
Sem moradia há quatro meses, Jorge e Marilene fizeram da Praça Carlos Gomes o local para dormir. Casal também cuida de dois gatinhos: ‘Eles são nossa alegria’.
“Às vezes eu falo para ele: ‘tenha fé em Deus que a gente vai vencer”. A frase de esperança é de Marilene, que desafia a falta de moradia junto com o marido, chamado Jorge. Desempregado, o casal fez da Praça Carlos Gomes, em Campinas (SP), um lar temporário.
Sob forte chuva e sem um teto para se abrigar propriamente, o casal conta que perdeu, há quatro meses, a casa onde morava por conta do desemprego. Realidade que, apesar de dura, é comum em Campinas, onde há 63.745 desempregados, segundo a Associação Comercial e Industrial de Campinas (Acic).
Jorge é nostálgico ao lembrar quando se mudou para o estado. “Quando cheguei em São Paulo, foi na época que tinha muito trabalho, aí o trabalho foi acabando”.
Eles vieram de São Paulo em busca de mais saúde para Marilene, que tem problemas respiratórios e sofria com a poluição da capital. Hoje, a prioridade é outra.
Os números do Cadastro Único (CadÚnico) do governo federal, registro necessário para obtenção de auxílios por meio de programas sociais, revela também uma estimativa sobre o número de famílias em situação de vulnerabilidade.
Além disso, ajuda a entender essa situação de crise econômica. Em Campinas, 205.310 pessoas estavam cadastradas em 2019. Até maio de 2022, o número saltou para 258.123, um aumento de cerca de 25%.
Um dos gatos do casal Jorge e Marilene, que mora na Praça Carlos Gomes, em Campinas — Foto: Johnny Inselsperger
Os gatinhos
Apesar do casal morar na rua, os gatinhos de estimação deles têm uma casa garantida. Uma barraca improvisada foi montada ao lado do banco onde estão os pertences de Jorge e Marilene.
Feita de pedaços de plástico, a barraca é o local onde os dois gatinhos se abrigam. “Eles são nossa alegria. A gente chega chateado porque não arrumou emprego, porque estamos dormindo na rua, mas quando a gente olha pra eles a alegria vem”, diz Marilene.
Os pedaços de plástico também ajudam o casal a se proteger das chuvas fortes que atingem a metrópole nos últimos dias. Eles e os gatos permanecem juntos mesmo durante as tempestades. “Só Deus mesmo pra dar forças, porque pra ir no banheiro é difícil, para tomar banho também é… Fora as coisas que a gente escuta na noite”, diz Marilene.
*Se você é de Indaiatuba e conhece alguém que pode ajudar este casal, mostre a matéria, divulgue. Vamos ajudar o Jorge e a Marilene.
Com informações de G1