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Dia do Trabalho: a vida sobre duas rodas e a sensação de liberdade

JOSEANE MIRANDA

Liberdade. O sentimento foi essencial na decisão do que fazer para ganhar a vida para o indaiatubano Roberto Giardino Júnior, 36 anos. Acostumado a viver na estrada, acompanhando o pai que era caminhoneiro, Roberto fala sobre a profissão de motoboy neste dia 1º de maio, Dia do Trabalho.

“Ser motoboy para mim é tudo. Eu sou muito feliz com a profissão que exerço. Uma sensação de liberdade que eu não tenho como descrever. Essa que é a realidade”, diz. Ele atua como motoboy há 13 anos e relembra saudoso como tomou a decisão de ganhar a vida sobre duas rodas. “Na verdade ser cachorro louco é tudo para mim. Eu não me adapto a trabalhar fechado”.

O motoboy tem uma rotina puxada de trabalho. Tem uma empresa e brinca que é ao mesmo tempo patrão e empregado. Trabalha como autônomo durante o dia e à noite trabalha no delivery de uma pizzaria da cidade. Acredita que trabalha cerca de 18 horas por dia de segunda a sexta-feira. Aos sábados ele diminui um pouco o ritmo e vai para as ruas atender os pedidos de clientes por volta das 18h. O expediente só é encerrado por volta da meia noite. 

A inspiração para a profissão veio da liberdade que via na vida do pai. “Depois que ele sofreu um acidente eu resolvi entrar para a profissão de motoboy. Meu primeiro emprego foi entregando gás e água. A princípio foi uma experiência nova para mim e um pouco assustadora, mas a sensação de liberdade que eu já tinha antes se completou em cima da moto na primeira vez”, relembra.

O dia a dia na profissão é permeado de desafios e muita luta. “Dos desafios do dia o principal é voltar vivo para casa. Porque a gente tem uma “arma” e monta em cima dela todo o dia e o trânsito mata mais que a guerra”, reflete. Ela também cita a desvalorização da profissão como um dos desafios dos motoboys.

“Nossa categoria é abandonada, é muito desvalorizada tem muita gente que tem preconceito ainda mesmo a gente vivendo em tempos modernos. Mesmo o governo ajudando a gente a se profissionalizar nossa categoria é muito desvalorizada, não tem  reconhecimento, valor! É meio que uma classe largada. Essa que é a realidade”. O governo oferece curso para profissionalização dos motoboys. Na Região o curso é oferecido pelo SEST/SENAT em Campinas.

Cachorro Louco

Alguns motoboys usam a expressão Cachorro Louco para designar profissionais habilidosos com a moto. Nem todos os motoboys são cachorro louco, cachorro louco são os profissionais que se destacam pela rapidez e destreza com a moto e o trabalho, são considerados os melhores entre os motoboys. “Geralmente é autônomo e ama sua moto, sua profissão acima de tudo e são os mais mal vestidos e sujos de graxa e relaxados em todo o sentido da palavra”.

foto: arquivo pessoal