Dia Nacional de Combate ao Fumo: Rastreamento é fundamental para detecção precoce do câncer de pulmão
O cigarro é a maior causa evitável de mortes no mundo todo e, no Brasil, as pessoas parecem estar mais conscientes disso, tanto que nos últimos 10 anos o país registrou queda de 35% no número de tabagistas. De acordo com a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) de 2019, 12,8% da população se apresentava como fumante. O fato é que o cigarro ainda é responsável por mais de 8 milhões de mortes por ano no mundo, sendo o câncer de pulmão a principal causa. Por esse motivo, o rastreamento desse tipo de tumor torna-se fundamental para detectar de forma precoce a doença e é justamente o apelo do dia 29/08, quando é celebrado o Dia Nacional de Combate ao Fumo.
As diretrizes para o rastreamento do câncer de pulmão levam em consideração fatores importantes como idade; histórico de tabagismo, bem como o histórico familiar e pessoal do paciente; exposição ocupacional e outros fatores de risco. Vinícius Conceição, oncologista clínico e sócio do Grupo SOnHe, explica que essas diretrizes são fundamentais para detectar a doença de forma precoce nos pacientes de alto risco, melhorando os resultados do tratamento e a sobrevida deles. “Infelizmente, mais de 80% dos casos de câncer de pulmão são diagnosticados em fase avançada, quando a doença já se espalhou. A única maneira de mudar isso é por meio do rastreamento, para o diagnóstico precoce da doença”, alerta o oncologista.
Pessoas entre 50 e 80 anos, fumantes atuais ou que pararam de fumar recentemente, compõem o público-alvo do rastreamento para o câncer de pulmão. Pessoas que tenham um histórico de mais de 20 anos de tabagismo ou que tenham parado de fumar nos últimos 15 anos também precisam ser investigadas, assim como as pessoas que tenham histórico de câncer de pulmão ou doenças pulmonares na família. Pessoas expostas a carcinógenos pulmonares conhecidos também fazem parte desta lista e devem ser submetidas ao exame anual, explica o oncologista do Grupo SOnHe. “O rastreamento é realizado por meio de um exame de tomografia de baixa dose de radiação e é importante que seja feito ao menos uma vez ao ano”, orienta Vinícius Conceição.
O rastreamento costuma ser a forma mais eficiente de diagnosticar tumores em estágios iniciais. É por esse motivo que o acesso aos exames deve ser garantido a todos, principalmente aos pacientes que são atendidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS). No entanto, de maneira geral, não é o que acontece no Brasil. André Sasse, oncologista clínico e CEO do Grupo SOnHe, alerta para a necessidade de políticas públicas que garantam a igualdade de tratamento aos pacientes do sistema público. “Infelizmente, existe uma diferença enorme para o paciente do SUS na comparação com o paciente da rede privada. Isso não pode acontecer”, reforça Sasse.
As desigualdades no acesso ao tratamento de câncer de pulmão na rede pública brasileira serão abordadas numa mesa redonda, composta por especialistas no assunto, no evento científico sobre câncer de pulmão, realizado no próximo dia 22 de agosto, pelo Grupo SOnHe. “Precisamos falar sobre isso, expor essas desigualdades e cobrar a criação de políticas públicas que acabem com essa diferença. Por lei, todo paciente tem garantido o direito de começar o tratamento oncológico 60 dias após o diagnóstico. Isso também não acontece no SUS”, pontua Sasse.
O câncer de pulmão é o segundo mais incidente no mundo, sendo responsável, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), por 2,2 milhões de novos casos por ano, o que representa 11,4% dos casos de câncer registrados mundialmente. No Brasil, a estimativa do Instituto Nacional do Câncer (INCA) é de que entre 2023-2025 devam ser diagnosticados 15 mil novos casos por ano de câncer de pulmão. “Combater o cigarro é fundamental para mudarmos a realidade do nosso país e a educação dos jovens é uma necessidade urgente, visto que o número de adeptos ao cigarro eletrônico cresceu mais de 600% nos últimos anos”, reforça Vinícius Conceição.
Com informações: Carolina Cerqueira
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