HUGO ANTONELI JUNIOR/NÚBIA ISTELA
Dentro da Aldeia SOS Crianças, que tem formato de coração, seu Pedro abriu o coração. “Não vejo o meu irmão – que foi embora para Indaiatuba (SP), há mais de 20 anos”, repetiu. Um entre dez irmãos, ele vive em Goioerê, onde passamos o dia nesta quinta (3). “Gostaria de saber como ele está”, diz. Em tempos de redes sociais, seu Pedro não tem WhatsApp ou Facebook e só vê a saudade aumentar. Vivendo no SOS Crianças, ele cria galinhas em um lugar afastado da cidade.
Goioerê é uma cidade com cerca de 60 anos de história e com pouco menos de 30 mil habitantes, com base rural. Há uma fábrica que cria os chamados”pintainhos” que depois irão às mesas dos brasileiros. Chamou a atenção as árvores com flores amarelas, que estão floridas e chamam a atenção. O nome indígena que alguns moradores disseram significar “águas claras” ou “águas limpas”, na verdade, significa “águas que correm dos campos”. Não significa que não seja limpa ou clara.
Seu Hernane, taxista que nos levou da rodoviária até o hotel é gaúcho. Diz que mora na cidade há mais de 50 anos e que lá no Rio Grande plantava, entre outras coisas, fumo – com folhas grandes, conforme contou. Em Goioerê o que predominava era o algodão e hoje, como em boa parte da região, é o milho e a soja.
Cidade do assalto de 100 horas
Na Casa da Memória, uma espécie de museu da cidade, destaca-se o caso mais emblemático e que levou a cidade às capas dos jornais regionais e nacionais, o assalto a banco mais longo da história do Brasil. Registrado em 1988, durou cerca de 100 horas e entre outras peculiaridades contou com uma freira que ajudou nas negociações. A religiosa, misteriosamente, sumiu após o término do crime.
Os assaltantes fizeram diversas exigências, inclusive avião que os levasse. Um dos ladrões que foi preso pelo fato cumpriu os 30 anos de prisão máximos do país e saiu recentemente do cárcere. Registrado no mês de outubro no Banco do Brasil, o crime envolveu milhões já naquela época.
Cruz de Cristo
Na catedral de São José há um dos 100 pedaços da cruz de Cristo. Atualmente existem três fragmentos no Brasil, sendo uma em Goioerê, tendo sua veracidade atestada pelo Vaticano, outra relíquia no Museu Arquidiocesano de São Paulo e outra em uma ordem religiosa de Apucarana.
A belíssima igreja fica em frente à praça central da cidade, que tem chafariz e duas dúzias de aposentados que usavam pedras e pedaços de pisos para simular moedas no que seriam apostas no truco. Eles se esparramavam em quatro mesas diferentes durante a tarde. No Parque Ecológico da cidade os macacos dividem espaço com os quatis em uma proximidade com os seres humanos impressionante.
Também visitamos a casa dos pais de uma moradora de Indaiatuba e que acompanha o Comando Notícia. Na Lanchonete do Paraná as porções encerraram o dia com chave de ouro. A aventura continua e terá como próximo destino Moreira Sales.
fotos: Núbia Istela/Comando Notícia