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Editorial: o Comando Notícia não é “só tragédia”; 60% não são notícias de polícia

HUGO ANTONELI JUNIOR

INDAIATUBA – Não faz muito tempo que uma moça perguntou de onde éramos. Respondi: “do Comando Notícia”. Ela saiu de perto dizendo: “Comando Notícia é só tragédia”. Retruquei de forma negativa, afinal, não é verdade, mas ela insistiu. Repito: não é não, moça. Mas quando a gente fala as pessoas não acreditam, então, resolvemos contabilizar. Pegamos como exemplo o mês de novembro de 2017.

Ao todo, o Comando Notícia publicou 257 notícias do dia 1º ao dia 31. Destas, acreditem, 103 eram casos de polícia (acidentes, prisões, tentativas de assassinato, roubos) e 154 eram de outra categoria como emprego, entrevista, política, esportes e curiosidades. Contabilizando: praticamente 60% das nossas notícias não foram de polícia, contra 40,07% que foram casos de “tragédia”.

A falsa impressão de que damos “só tragédia” é puro mito, mas que tem causas consideráveis. Por exemplo, as notícias de polícia são mais vistas do que as outras. A audiência em uma reportagem “normal” de grande repercussão não dá mais, em média, do que três mil acessos diretos e 10 mil visualizações no Facebook. Um caso de polícia de grande repercussão pode passar de 200 mil na rede social. Tivemos neste ano reportagens que passaram dos 70 mil acessos no site.

Quem quiser saber sobre emprego, consegue informações no CN. Também falamos sobre notícias gerais da cidade como temperatura e obras, sem esquecer que também falamos sobre os mais diversos esportes como futebol, futsal e os olímpicos e de atrações culturais para toda a família. Matérias especiais como a do garotinho admirador dos coletores da Corpus (imagem que ilustra o texto) ou do menino que recebeu homens da GAP, da Guarda, no aniversário como surpresa.

Também é verdade que a tragédia é o que muitos querem ver. E, acredite, dos mesmos criadores do “vocês só falam de coisa ruim”, tem também os que dizem que “vocês não dão a notícia completa”. Devíamos juntar os dois grupos numa sala de discussão para que eles decidam quem tem razão. Quem diz que somos “abutres”, como o excelente filme de Dan Gilroy, lançado em 2014 (tem na Netflix). Enquanto há quem diga que damos a notícia “pela metade”. Os dois lados estão errados.

Na nossa linha editorial seguimos os seguintes princípios: respeito às pessoas, sejam elas acusadas, condenadas, vítimas ou famílias. Na próxima vez que você ler uma notícia no CN, lembre-se: falamos dos fatos, não das pessoas. Por isso, não damos nomes, não fotografamos rostos, não identificamos ninguém, com duas exceções: tratar-se de pessoa pública/muito conhecida ou à pedido da polícia em casos de ser “procurado”.

Acreditem: se fossemos sangrentos ou abutres conseguiríamos muito mais acessos, talvez mais que o dobro dos quatro milhões e meio que tivemos desde o ano passado. Mas colocamos o ser humano acima e não expomos ninguém. Até porque o julgamento não cabe a nós (nem aos que comentam nossas notícias, convenhamos). Nós somos produtores ou fontes de informações da população. O juízo de valor a gente deixa com quem se acha no direito.

Então, na próxima vez que alguém disser que o Comando Notícia “é só tragédia”, nos ajude a desmistificar esta mentira. O Comando Notícia, redundantemente, é notícia.  E notícia a gente costuma dizer que não tem boa ou ruim, ela é apenas notícia. Há as que a gente não queria fazer e há as que a gente faça com alegria, mas todas estão em uma categoria só: notícia e, aqui, tem Comando.

foto: arquivo/Comando Notícia