HUGO ANTONELI JUNIOR
INDAIATUBA – Um áudio com a voz do prefeito Nilson Gaspar (PMDB) começou a circular na terça-feira (7) no WhatsApp. Nele, o líder da Prefeitura convida os funcionários da Citi para uma reunião e contratação de outra empresa, a Sancetur. [ouça o áudio abaixo]
No áudio, o chefe do Executivo pede para que os motoristas não realizem uma greve e convida os líderes dos trabalhadores para uma reunião na Prefeitura para “fazer as contratações de vocês, a migração de vocês para a nova empresa”.
A revelação acontece menos de uma semana depois da reportagem do Comando Notícia que mostrou que a Prefeitura já tinha negociado e recebido parte da dívida da empresa quando propôs quebrar o contrato de transporte público na cidade.
Antecipação de resultado
Em reportagem publicada nesta semana, o Correio Popular traz a antecipação do resultado da empresa vencedora do transporte público pelo jornal Tribuna de Indaiá antes mesmo da divulgação pela Prefeitura. O jornal afirma ter recebido a informação antecipadamente e divulgou de forma “cifrada” em uma edição.
Respostas
A assessoria de imprensa da Prefeitura confirmou que houve a reunião, mas não revelou mais informações. A Citi foi procurada pelo Comando Notícia, mas ainda não se manifestou.
A Sancetur, que venceu a concorrência para operar na cidade de forma provisória, também não quis emitir opiniões sobre a situação porque ainda está esperando tudo se definir. Uma liminar impede que haja troca de empresas.
De acordo com a decisão judicial, a Citi teria muitos prejuízos em investimentos recentes que teve na cidade. A própria empresa informou que fez uma pesquisa própria sobre a satisfação com resultados acima de 70% de aprovação.
Gaspar termina o áudio com apelo pela não realização da greve para que “possamos juntos resolver esta questão e vocês continuarem com seus empregos garantidos”.
Ouça áudio na íntegra:
Transcrição:
“Bom dia, meus amigos motoristas da Rápido Sumaré, antiga Indaiatuba e a atual empresa Citi em Indaiatuba. Sei que vocês estão tendo uma assembléia agora cedo, estão preocupados com o futuro de vocês. Nós abrimos um processo aonde existe hoje a contratação emergencial de uma nova empresa que passará a operar aqui em Indaiatuba. A atual empresa, a Citi, está trabalhando na nossa cidade através de liminar judicial. Quero convidar vocês amanhã dia 7, terça-feira, às 9 horas, aqui na Prefeitura, alguns representantes dos motoristas, para que a gente possa fazer uma reunião com a nova empresa para definir o futuro de vocês e fazer as contratações de vocês, a migração de vocês para a nova empresa, então, eu peço a gentileza de vocês de não fazer a paralisação para que nós possamos juntos resolver esta questão e vocês continuarem com seus empregos garantidos. Um bom dia a todos e muito obrigado.”
Histórico de pagamentos
Ainda no governo anterior, a Prefeitura anunciou que a Viação Indaiatuba tinha sido vendida para VB Transportes. A troca de empresas na operação, começou no primeiro dia de outubro do ano passado. Já no atual mandato, a administração informou medidas para melhorias no transporte, ainda na fase “em paz” com a empresa, no dia 22 de fevereiro. De acordo com a Rápido Sumaré, a Citi, o transporte ficou sob sua responsabilidade no dia 7 de abril.
A Viação Indaiatubana, que não opera mais, paga a primeira parcela da negociação que fez com a Prefeitura no dia 28 de julho. Mesmo tendo recebido, a administração resolveu “chutar o balde” no dia 17 de agosto, quando convocou uma entrevista coletiva e anunciou que havia a intenção de declarar caducidade do contrato.
No dia seguinte, dia 18, a Viação Indaiatuba pagou a primeira parcela do parcelamento do Refis, ou seja, no anúncio de “esgotamento” que fez, a Prefeitura já tinha ciência da negociação da dívida da empresa. No dia 31 do mesmo mês, ainda em tom revoltado com o serviço e a suposta dívida sem nenhum pagamento, a Prefeitura desautorizou a empresa Citi a fazer propagandas que ligassem o nome das duas, Prefeitura e Citi. Uma semana depois veio o segundo pagamento de um dos parcelamento, o terceiro no total.
Um mês depois, insistindo que a dívida continuava intacta, a Prefeitura anunciou a caducidade instalada por 30 dias. O último capítulo (até agora) desta “novela” foi nesta semana, com a decisão da Justiça de considerar “nula” a quebra de contrato.
foto: arquivo/Comando Notícia