HUGO ANTONELI JUNIOR/NÚBIA ISTELA
PIRACICABA – Começou a corrida das eleições 2018 no Comando Notícia. Na reportagem de abertura, acompanhamos um evento com um possível candidato, o ex-presidente Lula (PT), como faremos com todos os outros que passarem pela região. Lula discursou no evento “O desmonte da Educação, Ciência e Tecnologia”, promovido pela Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo), no Teatro São José, na noite de sexta-feira (15).
A subsede de Indaiatuba levou um ônibus com professores e simpatizantes para o evento que reuniu os ex-ministros da Educação Aluízio Mercadante, Renato Janine, o ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, o ex-senador Eduardo Suplicy e a presidente da Apeoesp, Bebel Noronha.
Em um discurso de quase uma hora, o ex-presidente falou sobre o impeachment. “Eles demonizaram o PT. Neste país, toda vez que a direita quer derrubar alguém, inventa como doença mais grave a corrupção, foi assim que Getúlio Vargas foi obrigado a dar um tiro na cabeça, que Juscelino não pode mais concorrer as eleições de 65, obrigaram João Goulart a aceitar um parlamentarismo que não existia. Só que eu não tenho vocação para me matar”, afirmou, para delírio da plateia.
Sobre a educação, afirmou ter sido o presidente que mais construiu universidades, relembrando programas como o Prouni. “Se o Brasil não investir em educação, não teremos em educação, engenheiro, matemático, área da saúde, não podemos exportar produtos de valor agregado, continuar exportando soja e minério de ferro, carne, frango. Não é que a gente não quer ser exportar isso, mas queremos ser exportadores de inteligência, de conhecimento”, discursou
“Quando você investe R$ 1 milhão para construir uma fábrica é lindo, mas pode quebrar cinco anos depois e o investimento vai para o beleléu, porque a fábrica não conseguiu gerar, emprego, produzir. Agora, quando você investe num jovem para fazer universidade, não tem jeito de perder o investimento, o conhecimento é para a vida inteira”, disse.
Moro e Lava Jato
Na semana em que o julgamento da segunda instância foi marcado, 24 de janeiro, Lula também mandou um recado. “Sinto que vocês estão com um pouco de dó de mim, comecem a ter dó do [Sérgio] Moro [juiz], do Ministério Público da Lava Jato, e da Polícia Federal. Quero saber como eles vão viver e passar para a história a mentira que eles contaram. Eu não tenho que provar a minha inocência. Eles que me acusaram”, afirma. “Para eles provarem a culpa, precisam mostrar um documento, um contrato, não podem me condenar dizendo que alguém disse”, completou.
Segundo a sentença de Moro, o ex-presidente recebeu um total de R$ 2,2 milhões em propina da construtora OAS na forma de um tríplex no Guarujá (SP) e das reformas feitas no imóvel. De acordo com o juiz, Lula recebeu a “vantagem indevida” em decorrência do cargo de presidente da República”. Segundo a Lei da Ficha Limpa, uma condenação criminal por um órgão colegiado, como é o caso da turma do TRF-4, torna um candidato inelegível.
Rotina
Lula disse que acorda todos os dias às 5 horas e que pratica mais de duas horas de exercícios diariamente. Aí o público perguntou sobre bebidas alcoólicas. “Cerveja só de final de semana. [Meu médico disse] se você quiser ser presidente, beba, mas beba moderado. Não quero vocês preocupados por causa do processo, quero vocês se ocuparem com o futuro de vocês e desde país, levanta a cabeça e vamos à luta”, encerrou.
Calor e tietagem
Lula chegou ao teatro por volta das 19 e saiu perto das 22 horas. O público o cercou na porta do teatro e mesmo sob forte esquema de segurança ele foi abraçar populares antes de entrar. Quando subiu ao palco, o público que estava mais perto pediu por fotos e autógrafos. Após o evento, o ex-presidente foi cercado por fãs e teve dificuldades para sair, ficando cerca de 15 a 20 minutos tirando fotos.
O teatro de Piracicaba não conta com ar condicionado e as mais de duas mil pessoas que passaram pelo local não receberam refresco nenhum dos ventiladores ou dos quatro grandes equipamentos colocados para amenizar o calor. De acordo com aplicativos de meteorologia, fazia 28ºC no início do evento, o que foi aumentado pela grande aglomeração de pessoas.
Provocação
Um drone sobrevoou a frente do teatro antes do início do evento com uma faixa escrita “Bolsonaro”. Apesar da provocação, não foi registrada nenhuma confusão. Além do batalhão de seguranças particulares, a Polícia Militar local fez patrulhamento preventivo e havia duas ambulâncias em frente ao teatro.
fotos: Hugo Antoneli Junior/Comando Notícia
