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Empresa paulista desenvolve autoteste que detecta todas as variantes do SARS-CoV-2

Coronavirus
A Biolinker – uma startup de biotecnologia incubada no Centro de Inovação, Empreendedorismo e Tecnologia (Cietec) – desenvolveu um novo autoteste rápido para detecção do vírus SARS-CoV-2. Os insumos utilizados no exame, totalmente elaborados pela startup com apoio do Programa FAPESP de Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE), serão disponibilizados à empresas parceiras para a montagem e distribuição dos kits de testes rápidos para a doença.

De acordo com Mona das Neves Oliveira, pesquisadora responsável pelo projeto, uma das vantagens do teste rápido é que ele pode ser feito em casa e o resultado sai em apenas 15 minutos, além de ter sensibilidade para todas as variantes do vírus.

“A tecnologia que utilizamos permite detectar partes do vírus que não sofrem mutação e mostrou alta sensibilidade para todas as variantes, incluindo a ômicron”, explica o pesquisador Frank Crespilho.

A empresa já havia desenvolvido, em parceria com o pesquisador  do Instituto de Química de São Carlos, da Universidade de São Paulo (USP),  um teste sorológico, que detecta anticorpos e é realizado em laboratório.

Na última onda da pandemia, porém, os centros de diagnóstico manifestaram a necessidade urgente de acesso a testes rápidos, que estavam em falta em todo o país. A Biolinker então passou a desenvolver o teste rápido como prioridade.

“Embora as pesquisas sobre o teste sorológico já estivessem mais adiantadas, mudamos nosso foco para o teste rápido porque os recursos são limitados e já havia clientes interessados”, conta Oliveira. “Produzimos as biomoléculas e avaliamos os fornecedores nacionais, fizemos os ensaios e já terminamos o desenvolvimento tecnológico do autoteste rápido para detecção do antígeno da COVID-19”, afirma.

Com a alta demanda por testes para a doença no Brasil, a Biolinker recebeu, em fevereiro, auxílio de um investidor-anjo que permitirá expandir consideravelmente sua planta de Insumos Farmacêuticos Ativos (IFA), a fim de aumentar a escala de produção e atender o mercado com o teste rápido e outros produtos.

“Foi tudo muito rápido. Graças ao desenvolvimento anterior e ao apoio da FAPESP e da USP, em uma verdadeira força-tarefa de empresas nacionais de biotecnologia. Agora estamos na fase de validação dos resultados, com um pedido na Anvisa [Agência Nacional de Vigilância Sanitária], enquanto fechamos os contratos com as parcerias para produção e concluímos as certificações necessárias da nova planta de IFA”, diz.

O teste sorológico, porém, não foi abandonado. Segundo a pesquisadora, ele também será importante para ajudar a aprimorar a triagem de pacientes com COVID-19 e realizar o controle epidemiológico da doença no Brasil.

“O teste sorológico detecta anticorpos circulantes IgG e, portanto, não mostra se o paciente está com o vírus, mas apenas se ele teve contato com base na resposta imunológica. Assim, especialmente entre os vacinados, a pessoa pode ter o anticorpo, mas não estar replicando o vírus. Isso não permite saber quem está transmitindo o vírus – que é fundamental para evitar uma nova onda”, afirma.

Por outro lado, monitorar a sorologia é um importante requisito epidemiológico porque permite avaliar o nível de proteção contra o vírus. Isso se tornará cada vez mais fundamental à medida que avança a vacinação em massa, sublinha Oliveira.

“Por isso, à medida que novos recursos chegarem, vamos transformar o teste sorológico em produto também, como uma segunda opção para os clientes”, antecipa.

 

Produção em escala

De acordo com a pesquisadora, a capacidade de produção da empresa para o novo teste rápido será de 50 mil unidades por semana. Os insumos serão entregues às empresas clientes, que já têm plantas industriais certificadas na Anvisa para a montagem dos kits – que inclui a impregnação das fitas de testes, corte, acondicionamento em embalagens e outros procedimentos.

 

 

 

Com informações: Governo de SP.

Foto: arquivo/Comando Notícia