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Endometriose: doença provoca dores fortes e é causa de infertilidade feminina

JOSEANE MIRANDA

Os brasileiros já se acostumaram com as campanhas de conscientização de saúde mensais como Outubro Rosa, que alerta sobre o câncer feminino, e Novembro Azul, pela saúde do homem. Em março a campanha Março Amarelo chamou atenção para a endometriose uma doença crônica silenciosa e de diagnóstico difícil que afeta cerca de 10% das mulheres de todo o mundo em idade reprodutiva. No Brasil são 6,5 milhões de portadoras.

Na opinião do ginecologista José Pedroso Neto, da Secretaria de Saúde de Indaiatuba, a doença ainda é pouco conhecida e seus sintomas podem confundir. Ela ocorre quando células da camada endométrio se implantam fora do próprio endométrio. A medicina tem registros de casos de endometriose no colo do útero, fundo do saco vaginal e ovários. Existem casos ainda de registros no nariz, pulmão, encéfalo e raiz da coxa. A doença também pode atingir o intestino e bexiga.

“É muito comum pós cesariana encontrar implante de endometriose na incisão. No caso de pacientes com endometriose no nariz um dos sintomas seria sangramento no local durante a menstruação”, esclarece Pedroso. A endometriose é a principal causa de infertilidade feminina e em alguns casos não apresenta sintomas. “Quando tem um casal infértil o médico começa a investigação do problema pela endometriose”, diz o especialista. 

É importante salientar que isso não significa que a mulher diagnosticada com endometriose não poderá ser mãe. Os casos são únicos e a investigação é individual assim como a opção de tratamento que pode ser com uso de medicamentos e, em alguns casos até cirúrgica.
As mulheres devem prestar atenção nos sinais do próprio corpo para informar ao médico durante a consulta. Algumas queixas são importantes e podem nortear um diagnóstico preciso e rápido.

Cólicas progressivas e incapacitantes, daquelas que impedem atividades normais, aumento do fluxo menstrual com presença de coágulos são alguns dos principais sintomas relatados por quem já enfrentou o problema. Outros sintomas comuns são dor durante a relação sexual e sangramento e problemas intestinais. “Em alguns casos as dores são suportáveis, mas elas aumentam de forma progressiva e podem se tornar incapacitantes”. Neste caso a qualidade de vida da mulher diminui muito, alerta o ginecologista.

Diagnóstico

O diagnóstico da doença é feito por exame de imagem ou ultrassom e quase sempre por videolaparoscopia. O médico pode descobrir a doença também durante exame clínico. A faixa etária mais comum de registro da endometriose é de 25 a 30 anos. Mas há casos em mulheres mais jovens ou acima dos 40 anos.

A medicina ainda não fala em prevenção para a doença como ocorre com doenças como câncer, por exemplo. Pedroso afirma que a endometriose é conhecida entre a classe médica e pesquisadores como a “doença das teorias” justamente pela dificuldade em
estabelecer suas causas.

Os pesquisadores já descobriram que a doença tem relação com os hábitos da mulher moderna que aumentou o número de menstruações durante a vida reprodutiva, devido ao fato de adiar a maternidade e às vezes amamentar menos. “A mulher moderna como sai para o mercado de trabalho, sai para estudar; ela reduziu o número de filhos e tem mais ciclos menstruais. Uma das hipóteses é que ela desenvolveu endometriose”. No Brasil, de acordo com Pedroso, pesquisadores principalmente da Bahia defendem essa teoria.

O tratamento para a doença deve ser decidido em conjunto entre médico e paciente sempre levando em conta fatores individuais e desejo da mulher. Em Indaiatuba não foram realizadas ações para alertar sobre a doença, informou a Secretaria de Saúde por meio de nota. Em Santos (SP) e outros municípios do pais foram realizadas caminhadas para chamar atenção para o tema.

fotos: Ricardo Miranda/Comando Notícia