A continuidade da aplicação do horário de verão será uma decisão da Presidência da República. Após a conclusão de estudos que mostram que o horário de verão não proporciona economia de energia, o Ministério de Minas e Energia (MME) decidiu encaminhar a questão para instâncias superiores.
Prevendo polêmica, já que o assunto divide opiniões e tem amantes e detratores, o governo estuda fazer uma enquete nas redes sociais para deliberar sobre o assunto. O ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, evitou dar um posicionamento prévio. O presidente Michel Temer é quem vai bater o martelo sobre a questão, segundo apurou o Grupo Estado.
Se vigorar neste ano, o horário de verão começa em 15 de outubro e termina em 17 de fevereiro.
De acordo com esses estudos, não é mais a incidência de luz natural que influencia os hábitos do consumidor, mas, sim, a temperatura. A popularização dos aparelhos de ar-condicionado é uma das principais razões dessa mudança.
Como o calor é mais intenso no fim da manhã e início da tarde, os picos de consumo são registrados atualmente nesse período. De acordo com dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), o horário de ponta ocorre entre 14h e 15h, e não mais entre 17h e 20h.
No passado, o horário de maior consumo de energia era registrado entre 17h e 20h, quando os trabalhadores retornavam para casa e tomavam banho. Para dar mais folga e segurança ao sistema, adiantar os relógios em uma hora permitia, por exemplo, adiar o acionamento da iluminação pública nas ruas. Isso deslocava parte da demanda e diminuía a concentração do uso de energia, reduzindo custos do sistema elétrico.
Em 2016, de acordo com dados do MME, o horário de verão durou 126 dias e gerou uma economia de R$ 159,5 milhões ao sistema. O custo é considerado irrelevante para o setor. A primeira vez que o País o adotou foi em 1931. Desde 1985, ele foi aplicado todos os anos.
Nos países desenvolvidos, o horário de verão é mais extenso do que no Brasil. Na Europa, vigora de março a outubro; nos Estados Unidos, México e Canadá, de março a novembro; na Austrália, de outubro a abril; na Nova Zelândia, de setembro a abril.
Origens do horário de verão
O hábito de adiantar o relógio com argumento de economizar energia estreou na Alemanha em 1916. Mais de um século depois, maioria da população do país não quer mais mexer nos ponteiros todos os anos.
A atual versão do horário de verão (“Sommerzeit”) passou a valer na Alemanha em 1980, mas o país já havia experimentado adiantar os relógios na primavera de 1916, sendo pioneiro no mundo. A argumentação para colocar a medida em prática seria mais tarde repetida em dezenas de países: economizar energia.
No início de 1916, o antigo Império Alemão estava envolvido na Primeira Guerra Mundial e sofria com um severo bloqueio naval imposto pelo Reino Unido, que resultou no corte das importações de petróleo e parafina (usada na fabricação de velas). A mudança nos relógios foi incluída pelo governo do imperador Guilherme 2º na lei de guerra, a exemplo da instituição de cartões de racionamento e confisco de suprimentos.
Numa época em que não havia televisão e o rádio ainda não havia se popularizado, coube aos jornais anunciar a mudança. Também foram distribuídos centenas de milhares de cartões-postais e folhetos explicando o novo horário. Muitas vezes as mensagens eram acompanhadas de exortações patrióticas. Um desses cartões mostrava a figura de Ares, o deus grego da guerra, falando a um grupo de crianças: “usem a luz do Sol!”.
E a Alemanha também foi pioneira nas controvérsias em relação ao novo horário. Antes de ser colocado em prática, leitores expressaram em cartas aos jornais o temor de que o novo horário fosse um truque para explorar ainda mais a mão de obra nas fábricas, que já estavam a todo vapor por causa da guerra.