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Guarda Civil faz sucesso na web com posts sobre rotina e espaço da mulher na segurança pública: ‘Figura representativa’

Dos 35 agentes que compõem o efetivo da Guarda Civil Municipal (GCM) de Votorantim (SP), 12 são mulheres. Uma delas é a jovem Renata Moraes, de 27 anos, que coleciona mais de 80 mil seguidores nas redes sociais com posts sobre a rotina da corporação e a presença feminina na segurança pública.

Logo que assumiu o cargo, há pouco mais de um ano, Renata fazia parte das equipes de patrulhamento, responsáveis pela ronda preventiva e pelo atendimento das ocorrências. Atualmente, está na Central de Operações, que recebe as denúncias via telefone 153, registra as ocorrências e as direciona para as viaturas em patrulhamento.

Para ela, as redes sociais funcionam como um instrumento de inspiração e encorajamento de outras pessoas que também sonham em trabalhar nesta área. Inicialmente, Renata postava apenas fotos fardada e compartilhando algum momento do dia de serviço, mas, com o tempo, começou a mostrar um pouco da rotina fora da GCM também.

“Desde então, o número de seguidores não parou de subir, até fiquei surpresa com toda essa visibilidade. Comecei a receber mensagens, elogios, convites de parcerias e, até mesmo, agradecimentos. Isso é muito bom, porque consigo perceber que, com apenas uma postagem, faço a diferença na vida de alguém”, explica.

Jovem de 27 anos compõe o efetivo da GCM de Votorantim (SP) — Foto: Arquivo pessoal

                      Jovem de 27 anos compõe o efetivo da GCM de Votorantim (SP) — Foto: Arquivo pessoal

Ao g1, Renata conta que se sente valorizada ao saber que inspira outras mulheres a ingressarem nesta carreira. Na opinião dela, a mulher é uma figura essencial e guerreira por natureza.

“É importante esse incentivo, porque muitas vezes, ocupadas com as tarefas da rotina, elas acham que não podem conciliar com uma vida policial. Mas, pelo contrário, realizam com eficiência e presteza e hoje ocupam cargos de chefia e comando. Ser figura representativa significa que muitas não vão desistir do sonho de usar uma farda. Elas conseguem ver que não é uma realidade tão distante.”

Renata atua na Central de Operações, que recebe as denúncias via telefone 153 — Foto: Arquivo pessoal

                   Renata atua na Central de Operações, que recebe as denúncias via telefone 153 — Foto: Arquivo pessoal

Presença feminina

 

Embora ainda se depare com situações de machismo no dia a dia, a guarda acredita que o público feminino esteja ganhando espaço e respeito na área de segurança pública aos poucos.

“Nós percebemos o quão necessária é a figura feminina na segurança pública. No atendimento às ocorrências de violência doméstica contra a mulher, por exemplo, muitas das vezes a vítima não se sente segura senda auxiliada por um homem. A presença feminina, nesse momento, estabelece um vínculo de empatia e confiança”, continua.

 

Preconceito nas ruas

 

Nas ruas, Renata diz que vive duas situações diferentes: ao mesmo tempo em que é admirada pelo cargo que ocupa, também acaba sofrendo preconceito por ser mulher.

“Ao atender uma ocorrência, a vítima sendo homem não te dá credibilidade por ser mulher, sempre busca na figura masculina uma solução. Dentro da corporação, de modo indireto, você percebe, muitas vezes, que tarefas não são te dadas ou um guarda não quer ser seu parceiro de viatura por acreditar que você é vulnerável ou incapaz de agir caso se depare com alguma ocorrência”, relata.

Além disso, a jovem diz que, no geral, muitas pessoas não enxergam as horas dedicadas ao treino e ao estudo e acreditam que as conquistas dela não foram por mérito e, sim, por ser mulher e bonita.

Guarda acredita que mulheres estejam ganhando espaço na segurança pública — Foto: Arquivo pessoal

                         Guarda acredita que mulheres estejam ganhando espaço na segurança pública — Foto: Arquivo pessoal 

Processo seletivo

 

Antes de ingressar na Guarda Civil Municipal, Renata trabalhou em setores completamente diferentes, atuando como telemarketing, operadora de caixa, auxiliar de escritório e assistente fiscal. A jovem fez cursos técnicos de secretariado e serviços jurídicos e até chegou a iniciar uma faculdade de direito, mas acabou desistindo.

De acordo com a guarda, o processo seletivo para entrar na área de segurança pública conta com várias etapas e pode durar mais de dois anos. Inicialmente, é realizada a prova objetiva, que engloba conhecimentos básicos (português e matemática), gerais (atualidades) e específicos (legislação).

Em seguida, os aprovados são chamados para o Teste de Aptidão Física (TAF), que exige preparação e condicionamento físico. A próxima etapa é composta pelos testes psicológicos e pela investigação social, que tem como objetivo conhecer a conduta do candidato através de certidões e antecedentes.

GCM faz sucesso nas redes sociais com posts sobre rotina e espaço das mulheres na segurança pública — Foto: Reprodução/Instagram

GCM faz sucesso nas redes sociais com posts sobre rotina e espaço das mulheres na segurança pública — Foto: Reprodução/Instagram

Depois, é realizado o curso de formação, um período de aperfeiçoamento do candidato para as suas atribuições, e, por fim, os exames médicos e toxicológicos para, então, fazer a entrega dos documentos, assinar a posse e ser nomeado.

“Eu sempre busquei uma profissão na qual pudesse ser útil. Não queria apenas produzir ou ser resultado em uma empresa. Eu queria fazer, auxiliar, informar, servir e fazer a diferença na vida de alguém. Atualmente, estou cursando tecnólogo em segurança pública e pretendo me aperfeiçoar cada vez mais”, conta.

Fora do trabalho, Renata se dedica à musculação e ocupa o tempo com a família. “Se não estou no trabalho, estou na academia. É o lugar onde eu recarrego as minhas energias. Além disso, o convívio com a família e com o meu carro, um bom filme ou livro me fazem bem”, completa.

Por Ana Paula Yabiku, g1 Sorocaba e Jundiaí