Cidades

Haoc registra mais uma captação para doação de órgãos

Aconteceu durante a madrugada da última terça-feira (3) a captação de órgãos para transplante de um paciente que estava internado no Hospital Augusto de Oliveira Camargo (Haoc) desde o dia 24 de setembro. O paciente, de 21 anos, sofreu traumatismo crânio encefálico, e após a realização dos protocolos que atestam a morte encefálica, os familiares autorizaram a doação de órgãos. Desta maneira, a equipe da Unicamp foi acionada e o procedimento resultou na captação de córneas, rins, fígado e coração, ajudando assim diversas pessoas que aguardam na fila de transplante.

O Haoc conta com uma Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes (CIHDOTT), coordenada pelo médico intensivista Alexandro Andreolli, que explica que muitas pessoas têm o desejo de serem doadores, e que formalizam através de cartório ou redes sociais. “Porém, quando o paciente está em morte encefálica, a decisão pela doação cabe à família. Por isso, o mais importante para as pessoas que desejam ser doadoras é comunicar isso aos seus familiares”, esclarece. “Mas há também outras formas de doação, como de sangue, de medula óssea, que podem ser feitas mesmo em vida. No caso do rim a doação em vida é entre familiares porque tem que ter compatibilidade genética”.

Dr. Alexandro lembra que o conceito de morte encefálica é relativamente novo.  “Antigamente as pessoas associavam a vida ao batimento do coração. Mas, cientificamente e tecnicamente, a sede da vida é o cérebro. É ele que comanda nossos pensamentos, a nossa consciência, e todas as nossas funções vitais, hormonais, do coração, do pulmão, etc. Quando o cérebro para de funcionar por alguma doença neurológica, todo o corpo para de funcionar também. Na UTI, com as terapêuticas modernas, pessoas com morte encefálica têm seus órgãos funcionando através de aparelhos: máquina de ventilação que compensa a falta do comando cerebral nos pulmões, drogas circulatórias que regulam pressão arterial e dos batimentos cardíacos pelo cérebro, alimentação e hidratação via endo-venosa”.

Por este motivo, o médico ressalta a importância do trabalho da equipe multidisciplinar hospitalar, que inclui médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, nutricionistas, técnicos,  assistente social, recepção, administrativo, entre outros. “Não só pacientes em morte encefálica e suas famílias, mas todos que têm um ente querido dentro de uma UTI, estão em um momento de muita vulnerabilidade, muito sofrimento. Temos que ter compaixão com essa situação para conseguir ter uma boa interação, criar um bom vínculo de confiança, para saberem que estamos fazendo tudo o que é tecnicamente adequado, tudo o que é correto, e desta confiança, futuramente, se o doente evoluir com morte encefálica, vai surgir a possibilidade de uma doação”.