O Hospital Augusto de Oliveira Camargo (Haoc), em Indaiatuba (SP), tem 51 respiradores disponíveis para pacientes com problemas respiratórios neste momento. Essa é a maior preocupação dos especialistas de saúde no momento, já que as complicações respiratórias são as causas mais frequentes de mortes em pessoas infectadas com o coronavírus. Segundo a nota da assessoria de imprensa de sexta-feira (3), há três respiradores em uso, ou seja, 48 disponíveis. A informação sobre os respiradores foi dada pelo diretor administrativo do hospital, Marco Antônio Barroca, em entrevista ao Comando Notícia.
“Nós reservamos 19 leitos destinados exclusivamente para o coronavírus. Desativamos uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) para deixar exclusivamente para o coronavírus. São oito leitos na UTI e 10 de observação. Felizmente essas estruturas estão subutilizadas neste momento, mas temos a estrutura e os profissionais preparados conforme as normativas do Ministério da Saúde. É claro que existe a preocupação com o aumento na demanda, mas estamos preparados”, informa.
Diretor do Haoc fala sobre preparação para o coronavírus
Diretor do Haoc fala sobre preparação para o coronavírus
Posted by Comando Notícia on Friday, April 3, 2020
Destes respiradores, cerca de metade foi alugada. “Tínhamos 30 e conseguimos alugar mais, chegando a 51”, informa. “Não tem mais no mercado, se precisar, é uma demanda que está em falta no mercado. Estamos nessa corrida pelos respiradores há mais de um mês, mas está difícil de encontrar. O Ministério da Saúde e a Secretaria Estadual de Saúde prometeram, mas até o momento não tem nada certo com relação a isso”, diz.
A técnica desenvolvida nos Estados Unidos para que duas pessoas usem um respirador não está descartada. “É lógico que é uma possibilidade, mas apenas em casos excepcionais. Só lançaremos mão disso se não tiver outra opção. Temos uma equipe de enfrentamento formado por profissionais que estão analisando todas as possibilidades, é um comitê de enfrentamento da crise.”
Respiradores
A falta de respiradores já é uma realidade no mundo. A Itália, por exemplo, tem 60 milhões de habitantes, 86.498 casos de coronavírus e a maior taxa de mortes pela doença: 9%. O Brasil conta hoje com 65.411 respiradores, dos quais 46.663 estão disponíveis no SUS e 18.748 na rede privada, segundo dados do Ministério da Saúde. Entretanto, apenas 61.219 estão aptos para uso. Em um período normal, a quantidade seria suficiente, mas no cenário atual, provavelmente não.
Mas engana-se quem acredita que esse é um problema local. Até países com uma quantidade muito maior de respiradores estão preocupados. Os Estados Unidos têm a maior taxa de leitos de UTI do mundo – 34,7 para cada 100.000 habitantes –, 160.000 respiradores, segundo informações da Universidade Johns Hopkins, nos EUA. Entretanto, o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC, na sigla em inglês) estima que 2 milhões a 21 milhões americanos podem precisar de hospitalização, o que também poderá sobrecarregar o sistema.
A Alemanha, apesar de muitos infectados (50.871, na sexta-feira, 27), tem uma das mais baixas taxas de letalidade mais baixas do mundo: 0,6%. O país está entre os seis mais afetados e tem o menor índice de mortes entre seus vizinhos europeus, que são: Grã-Bretanha (taxa de letalidade de 5,2%), Itália (9,0%), França (6%), Suíça (1,7%) e Espanha (7,7%).
foto: arquivo/divulgação