HUGO ANTONELI JUNIOR
Quem passa na esquina entre as avenidas Horst Frederico João Heer e Clóvis Ferraz de Camargo, no Parque Campo Bonito, em Indaiatuba (SP), não consegue deixar de reparar na grande construção que se ergueu nos últimos meses. Quem vê o templo de quase 12 metros de altura não imagina que tudo foi idealizado por dona Heloísa e seu Frederico, o Fred, donos da Fazenda Campo Bonito, e que reservaram o espaço para a igreja.
Infelizmente dona Heloísa morreu há oito anos, mas a construção da comunidade é a uma realização de um sonho que ela teve junto com o esposo. “Sonhamos juntos e ela me pediu pouco antes de falecer”, conta Fred ao Comando Notícia. “Hoje ela está no céu e feliz com a linda igreja.”
A igreja tem uma parte construída com alvenaria, mas a outra é feita de pessoas. Esta segunda parte começou antes do primeiro tijolo ser colocado no terreno. O padre Caio Augusto de Andrade, pároco da Santo Antônio, no Morada do Sol, responsável pela comunidade, explica que as reuniões começaram nas casas. “Eram poucas pessoas e tudo isso acontecia nas garagens das casas”, diz.
Uma dos primeiros casais que ajudar na formação da comunidade de fiéis foi dona Ana Elisabette e seu Antonio, de 55 e 57 anos. Eles moram nas proximidades e já fizeram parte de outras comunidades antes, mas dizem terem se encontrado trabalhando para a São João Paulo II. “O que era nas garagens com 15, 20 pessoas, hoje já tem quase 300 nas celebrações”, conta dona Bete.
A programação fixa da igreja tem missas aos sábados, 19h30, e domingos, às 7 horas. Toda segunda-feira tem o grupo de oração, às terças acontecem as chamadas “vivências” nas casas, quarta é dia de ensaio de canto e preparação da liturgia e as sextas são separadas para a intercessão. O barracão que fica ao lado da igreja foi construído com a ajuda dos próprios moradores. “Fizemos um mutirão, houve doação de elementos de outras paróquias, muita doação e levantamos isso aqui rapidinho”, diz Bete.
Quando o templo principal estiver liberado, o barracão será uma opção também. “Ainda não sabemos o que vai ser”, revela o padre Caio. “Mas vamos conversar com o Fred, com a comunidade e decidir juntos. Inicialmente pensou-se em fazer um estacionamento. Por outro lado é um local onde podemos realizar os nosso eventos, bazares, a festa do padroeiro, que é em outubro”, afirma. Sobre a continuação das obras, de acordo com o religioso, o acabamento vai depender dos recursos levantados pela comunidade.
Padroeiro
Fred desejava muito ter conhecido o então papa João Paulo II, mas mesmo sem ter visto pessoalmente o sumo pontífice diz que foi alcançado pelo seu papado. A escolha do nome foi do casal, do padre e da comunidade, que acolheu a ideia. “Ele ajudou muitos jovens, há muitas histórias que nem são conhecidas no Brasil. Eu sou um destes jovens. Foi quem ampliou os contatos do Vaticano, criou as Jornadas Mundiais da Juventude, impediu guerras e ajudou muita gente.”
A beatificação aconteceu no primeiro dia de maio de 2011. O caso da freira Marie foi escolhido dentre mais de 200 supostos milagres atribuídos ao pontífice. Esta freira de 49 anos teria se curado, de um dia para o outro, do mal de Parkinson, doença degenerativa que já afetava seus movimentos básicos e a impedia de caminhar, dirigir ou escrever. Ela afirma que o milagre foi resultado de suas orações, bem como a de suas irmãs companheiras na Congregação das Pequenas Irmãs das Maternidades Católicas, feitas ao papa João Paulo II.
O pontífice fora acometido, em sua última etapa de vida, da mesma enfermidade degenerativa.Os sintomas de irmã Marie se deterioraram na mesma fase em que ocorreu a morte de Wojtyla, em junho de 2005, e ela pediu para que pudesse ser afastada de suas tarefas. Sua superiora, entretanto, ordenou que ela seguisse com sua vida e escrevesse, num pedaço de papel, as palavras ‘João Paulo II’. Segundo relato de Marie Simon-Pierre, uma manhã ela se levantou ‘completamente transformada’ e convencida de estar ‘completamente curada’.
Obras
As obras, de acordo com o líder da construção, Osvaldo Afonso da Silva Lopes, contam com nove pessoas. O templo está pronto e falta apenas a parte do acabamento. Assim como o terreno, boa parte da construção também foi uma doação do Fred, confirma o pároco. Além do local das celebrações, em breve haverá as salas para catequese, por exemplo.
Thiago Teixeira é o arquiteto responsável pela obra. “Nós buscamos alguns elementos inspirados no neogótico, que é predominante em construções de igrejas no século 19”, afirma ao Comando Notícia. “Os arcos, todo o formato da igreja em si remete a isso, mas é uma mistura de vários estilos e tem muitas referências que não são exatamente góticas ou neogóticas. Eu gosto muito do estilo do Augustus Welby Pugin, um arquiteto inglês e tentamos trazer algo do tipo para cá”, revela.
fotos: Hugo Antoneli Junior/Comando Notícia