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Indaiatubanos pelo mundo: jornalista largou tudo e foi para a Austrália

HUGO ANTONELI JUNIOR

Um bom emprego, perto da família, um relacionamento estável e uma vida já toda planejada. Este cenário é perfeito para muita gente e é onde a maioria das pessoas se acomodaria. Esta era a exata situação que vivia a jornalista Marília Fittipaldi, de 26 anos, quando decidiu largar tudo em Indaiatuba se aventurar em outro continente.

Ela foi para a Austrália e é com esta história (e longa viagem) que o Comando Notícia dá o ponta-pé da série especial de reportagens de aniversário de Indaiatuba neste ano. Para os 188 anos da cidade serão várias reportagens temáticas e entre elas a gente foi buscar os indaiatubanos (de nascimento ou de coração) para que eles falassem sobre o que sentem falta de Indaiatuba e sobre a rotina de vida.

Apesar da saudade da família, do pão de queijo e do catupiry, que Marília garante não haver do outro lado do mundo, ela não pretende voltar tão cedo. Foi para ficar meio ano e já está lá há mais de dois anos. “É bem complicado se acostumar com isso. Minha mãe e eu sofremos bastante no começo, nós falávamos todo dia pelo menos umas 2 vezes. Hoje já conseguimos espaçar isso um pouco mais. Ela veio me visitar há um ano, viu como é boa a vida aqui e ficou um pouco mais tranquila”, diz.

Mas nem mesmo a terra dos cangurus tem iguarias como as indaiatubanas para Marília. “Sinto falta dos restaurantes e das comidas. Não existe costela igual a do japonês aqui, nem parmegiana igual a do Caipirão, nem rodízio que nem o da Jatobá, porções como a do Pezão, pizza como a do As Meninas, risoto de salmão como o do Le Triskel”, relembra. “Aqui não tem carro de churros passando na rua para eu correr atrás, não tem esfiha da Casa da Esfiha, não tem nenhuma chácara com churrasco rolando pra ir, até da coxinha da rodoviária eu sinto falta”, revela.

Decisão e rotina

Durante a retração econômica que o país teve no primeiro semestre de 2016, Marília acabou perdendo o emprego e viu aí a chance de fazer o intercâmbio intercontinental que sempre sonhou. “Usei o dinheiro da rescisão pra vir. Tudo vem na hora certa, a gente tem que acreditar nisso. Nunca tinha sido demitida na vida, mas essa veio a calhar perfeitamente. O plano era ficar seis meses, voltar com dinheiro para dar entrada em um apartamento e talvez juntar as escovas de dentes. Mas estou há dois anos aqui, aquele relacionamento acabou, conheci um cara da Inglaterra e logo levo ele pra conhecer Indaiatuba”, conta.

Contato com a família

Como a distância é grande, ela precisou buscar soluções para se comunicar com a família. Um dos problemas também é o fuso horário. A Austrália fica na mesma “altura continental” do Japão, ou seja, quando no Brasil é dia, lá, é noite. “Internet é hoje meu meio de manter contato, abraçar e beijar todo mundo. Até minha vó fez Instagram para acompanhar meus stories (fotos publicadas com “prazo de validade” de 24 horas). Facebook ela já tinha e, com isso,  fica por dentro da minha vida”, diz.

“Graças a Deus moro num apartamento legal, perto da praia, então as portas estão sempre abertas para o pessoal me visitar, além da minha mãe, duas amigas já vieram e meus primos estão vindo ano que vem. Adoro servir de hotel pra garantir que enquanto eu esteja aqui, a Austrália seja uma opção de férias para quem eu gosto no Brasil e vem para cá.”

Voltar para Indaiatuba?

“Um dia, talvez. Indaiatuba é uma cidade muito boa de se morar, sempre achei e depois de sair daí acho mais ainda. A área verde, a gastronomia, a qualidade de vida. Até a vida noturna que eu sempre reclamei, é uma delícia. Se fosse uma cidade fora do Brasil, seria incrível, mas as condições do país não são favoráveis pra voltar, pelo menos ainda.”

Presente para Indaiatuba

“Eu daria todas as rotatórias de volta, odiei quando tiraram (risos). Tô brincando. Sei que foi melhor para o trânsito. Mas podemos por um teleférico no Parque Ecológico? Brincadeiras à parte, eu daria o transporte público de qualidade de Sydney. Uma cidade bem maior, mas onde os ônibus e trens passam na hora certinha, minutos cravados. Se vai passar 5h07, passa 5h07. E se atrasa cinco minutos é motivo das pessoas ligarem pra empresa preocupadas. Não sei como fazem, porque tem trânsito, tem alagamento, tem incidentes, mas muito raramente atrasa.”

fotos: arquivo pessoal